quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

E só precisava do agora pra existir...


Por Juliana Ramiro

Procuro teus olhos entre os meus travesseiros
Os procuro diante dos meus
Estranho estar sem teu cheiro
O dia amanheceu ruim

Nunca quis te guardar numa caixa
Eu só te quis livre pra mim
Pro que parecia encher teu peito
E transbordava aqui

Pra mim tudo aconteceu na hora
Em cima da hora, naquela hora
E só precisava do agora pra existir

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Desabafo...


Por Juliana Ramiro

Embora eu quisesse saber quem deitou na cama de que gosto tanto, os detalhes e a proximidade dos acontecimentos ferem. Ferem mas não a mim, e sim a tal necessidade de se ter uma certa importância e, principalmente, o estado de calmaria.
           A gente pergunta para compreender onde pisa e, no estante seguinte, arrepende-se de ter a resposta. Todo sentimento deveria nascer mais forte e mais seguro que seus antecessores. A instabilidade do posto tende a nos encaminhar à renúncia.
           É um passado que não passa, um presente que não se sustenta, um futuro que a gente só pensa. Com os pés pisando em cabeças, a gente se mexe pra ver como se encaixa, e se tem como pagar tal preço.
           Um dia é assim, no outro, o cinza ganha cor, e o mesmo lápis que risca este desabafo tem sua outra ponta utilizada para apagar tudo isso do papel, e, logo, com um só abraço, da cabeça.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

“O coração distrai então a sorte vem”



Por Juliana Ramiro


Conversando com uma amiga no MSN, entre tantos assuntos surgiu a necessidade de se ficar sozinha. Sem namoros, rolos, relacionamentos, para se recuperar do desgaste natural que um relacionamento traz e, principalmente, se estudar, se conhecer.
Dentro de um relacionamento, na luta para fazer dar certo, a gente acaba se moldando tanto, que quando se olha no espelho se pergunta se aquilo é realmente um espelho. Eu gostava de ficar em casa numa noite de sexta? Eu passava mais de uma semana sem ver meus amigos? Eu me vestia desse jeito? Eu gostava de usar meu cabelo assim? Eu ia a festas e preferia ficar sentada a passar a noite inteira dançando? Eu ia embora cedo porque tinha que acordar cedo no outro dia, ou pensava no outro dia, como outro dia?
Deixei de ser eu. O ponto é: gosto do que me tornei ou sinto falta daquilo que era? Eu não saberia viver sem olhar no espelho e ver aquela Juliana de que gosto tanto, mesmo que ela seja espalhafatosa, cheia de amigos, festeira, sempre fora da rotina e que isso não combine muito com um relacionamento.
E como a gente perde tempo se moldando, e perde tempo com algo que há muito nos foi ensinado. Quem quando criança não ganhou aquele brinquedo colorido que a peça quadrada se encaixava SOMENTE na quadrada. E a peça redonda entrava na caixa só pelo buraco redondo... A teoria nos foi passada, a gente que não aplica.
E a gente perde tanto tempo com a pecinha errada, até que cansa e precisa dar um tempo, ficar sozinha. E é nesse momento, quando a gente resolve que vai ficar sozinha, que alguém especial aparece. Isso não é regra, mas acontece com freqüência.

“...Mas é exatamente,
Quando a gente tá cansado
O coração distrai então a sorte vem...”

Sorte ou não, o destino nos dá muitas voltas. Acasos. Descaminhos. A gente erra, se esforça para prender os olhos num ponto que eles naturalmente não querem estar. E depois de tanto esforço, quando a gente opta por não olhar, nossos olhos se prendem sozinhos e a gente não sabe bem o que fazer. ESTRANHO.

“...Era tão estranho,
Te olhar dentro dos olhos,
E ver na minha frente tudo que eu sempre quis
Eu era diferente, dos outros caras de vinte anos
Você era uma chance pra eu ser feliz...”