segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu matei o amor



Por Juliana Ramiro

Li uma crônica do Carpinejar que é o tipo de texto que seu efeito costumo relacionar com uma partida de futebol para quem perdeu a forma e há muito não joga. O cansaço vem logo nos primeiros instantes, mas a dor, a dificuldade de caminhar, de se mexer, o arrependimento de ter ficado tanto tempo parado ou de ter entrado nessa aventura de novo vem sempre com 48 horas de atraso.

O texto do Carpinejar defende a teoria de que nós assassinamos o amor. O amor nasce para ser infinito, mas nós, no dia-a-dia, com palavras erradas, gestos mal interpretados, atitudes mornas ou quentes demais, é que determinamos seu fim.  Logo nas primeiras linhas do texto do autor já veio o desconforto, mas, a dor de ter lido tal verdade atingiu seu ápice passadas 48 horas, quando um forte sentimento de culpa bateu na minha porta.

Quantos amores lamentei que tivessem chegado ao fim?! Algumas vezes, acreditei que era a velha história da pessoa certa na hora errada. Mentira. Agora a ficha caiu, olho-me no espelho e vejo uma perfeita serial killer e tenho até um modus operandi . É sempre do mesmo jeito, nunca é diferente.
Sei exatamente como matar o que trago no peito e quando me dou conta estou construindo a mesma teia. É genético, as mulheres da minha família há algumas gerações agem do mesmo jeito. Somos feito aranhas, sempre construímos a mesma teia.

Alguns me recomendariam terapia. Desculpa, mas embora sofra com minha herança genética, tenho certo apreço por ela. Não fazemos mal a ninguém além de nós e o amor. Mas quem nunca assassinou um amor que atire a primeira pedra. E meu texto termina aqui. Sou réu confesso, contudo, sem mais.


Confira a crônica do Carpinejar CLICANDO AQUI!