terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Despedida

Não sou boa em despedidas. Na falta do que dizer, acabo fingindo que estou aqui quando na verdade já estou de partida. Sinta culpa pelo prazer que me dá seguir viagem, principalmente quando lembro que cada ida é uma vinda que fica para trás. E mesmo que a gente diga que a casa vai ficar arrumada, ela jamais será a mesma. Aquela bagunça do dia a dia é que dá o colorido da morada. A organização jamais substituirá uma presença.

Nessas de fingir que estou onde não estou acabo economizando meus abraços e poupando palavras de carinho, que talvez explicassem o que sinto. Faço isso por proteção, pois a cada despedida perco um pedaço de mim. Ganho novos, é verdade. E é verdade também que, se desse, reteria todos esses pedaços e os levaria comigo, junto com as minhas economias sentimentais.

Quando ouço pessoas falando das suas viagens pelo mundo sempre penso: isso não é para mim. Das poucas vezes que saí de casa e me arrisquei sempre conheci pessoas que quis trazer comigo. Para mim, viajar é dividir o coração entre um mundo novo e o meu. Não tenho coragem para isso.

Agora é hora de olhar para frente.