sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

"Adeus ano velho, feliz ano novo"

Por Juliana Ramiro

Como todo mundo mistura Natal e Ano Novo, e se abraça e deseja um ano melhor, e talvez eu só volte a postar no blog em 2011, resolvi antecipar o meu balanço. O mês de dezembro, pra mim, é o que passa mais rápido, a gente emenda uma formatura num amigo secreto, numa festa de final de ano da empresa, e mais um amigo secreto de um grupo de amigos, e mais uma formatura, e sempre tem alguém que faz aniversário, e mais as tentativas de passar um final de semana na praia e as compras para o natal. A gente abre o olho e o bom velinho já tá batendo na porta, e mais uma piscada, um novo ano começa.
 O mês de dezembro é o mais rápido, mas todos os outros parecem que correm um pouco mais a cada ano. E já eu não tenho mais 20 anos, e logo não terei mais 30. Confesso que não sou uma pessoa que se preocupa com isso. Vejo tanta gente se preocupar com a idade, como se sofrer por ela trouxesse algo de volta. Cada ano eu me torno melhor, e realizo um sonho. Por isso, quero mesmo que o tempo passe para que eu seja melhor, melhor e melhor e tenha um punhado a mais de sonhos realizados. Não tenho medo de fazer aniversário, por enquanto não.
Neste ano conquistei novos amigos, perdi uns velhos, revivi sentimentos com pessoas que fizeram parte do meu passado, e mantive aqueles que estão na lista dos mais importantes há alguns anos. Vi um amigo mudar de Estado em busca de seus sonhos, acompanhei um pouco do seu sofrimento e fiquei aqui, sempre a espera do seu abraço.
Vi outro amigo ter o ano mais sexualmente ativo de sua vida, e fazer o caminho Caxias-Porto Alegre muitas madrugadas para estar mais perto. Consegui refazer os laços com meu amigo cantor, e ter muitas terças felizes ao seu lado. Conheci uma amigona, que me dá as broncas mais engraçadas do mundo, até mesmo quando eu não preciso, e sei que juntas somos fortes e vamos fazer o mundo melhor. Conversei muitas tardes no MSN com a grande apoiadora do meu blog, e por muito conselheira, filósofa de nossas vidas.
                Pude ver a formatura de uma prima, e estar ao seu lado e de uma grande amiga, como nos velhos tempos. Consegui estar mais próxima da minha família, cuidando deles e recebendo seu carinho. Recebi a notícia de que vou ter um irmão mais novo, e de que eu teria a orientadora para a minha monografia que tanto quis.
                Vi amigos casando. Ri muitas tarde com uma amiga louca no MSN. Fiz mais amigos de internet, e até conheci uns na noite de Porto Alegre. Fiz uma trilha, conheci lugares, viajei, comprei uma academia, e conheci a cerveja Devassa.
                Nas conquistas, dei mais uns passos no término da faculdade, iniciei um curso de Web Design, concluí outro de Instrutor de CFC, e senti o doce de ser professora e ouvir de um aluno que tuas aulas são as melhores e que ele aprendeu muito contigo.
                 Troquei de emprego, consegui a estabilidade que tanto lutei, vendi um carro, uma moto, comprei outro carro, paguei minhas contas e terminei o ano no positivo. Tirei gatos das ruas, mas fiquei só com a Ana, minha fiel companheira. Nadei, fiz musculação, Box, corri, pedalei, voltei para o Jiu Jitsu. Raspei o cabelo, fiz um moicano, deixei crescer, raspei de novo, pintei de azul.
                No trabalho nunca me senti tão à vontade, as pessoas me acolheram bem e posso dizer que já tenho laços de amizade por aqui. Em quatro meses fui anunciada numa nova função, e a promoção está a caminho. Tomei muito chimarrão e comi muita porcaria.
                Conheci quem me ajudou a deixar o meu blog mais “profissional” - ele cresceu, e estou trabalhando com uma amigona da época da faculdade, que tinha perdido contato. Juntas, toda segunda-feira, começamos uma dieta, abortada no dia seguinte. Sigo fazendo cadeiras com minha amiga de manhãs mal humoradas na Famecos.
                De resto, VIVI. E fui muito feliz, me apaixonei, chorei, ri, dancei e sonhei o meu 2011.

FELIZ NATAL E ANO NOVO PRA TODOS QUE PASSAM POR AQUI.
E MUITO OBRIGADA POR FAZEREM ESTE BLOG COMIGO.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Existe arrependimento sincero?



Por Juliana Ramiro

Estou numa semana daquelas que olho para a minha gatinha, a Ana, e penso que o mundo seria melhor se todas as relações humanas tivessem um pouco dela. A Ana é sempre verdadeira, transparente. Olho pra ela e sei se tá feliz, triste, cansada, incomodada com algo. Depois de tanto confiar nos humanos, vejo que dar créditos a um animal vale mais a pena. Sei que todos os bichos não são iguais - existem gatos traiçoeiros. Mas a Ana não é assim, gosto desse jogo limpo. Ela faz coisas que eu desaprovo, e grito com ela. Entende que não gostei, e vem se chegando, de mansinho, se rolando na minha frente - sua forma de pedir desculpa. E sei que tá sendo sincera. Pisou na bola, todo mundo pisa.
ESTOU FALANDO DE UM ANIMAL. Dizem que o ser humano é mais inteligente que os animais, sendo assim, conversar com um, apontar seu erro e ele entender, me parece algo natural. É? NÃO. O ser humano é egoísta, mesquinho, sujo. Embora seja um ser que depende boa parte da vida de outros para sobreviver, assim que consegue viver sozinho, esquece sua origem e joga sozinho, doa a quem doer.
Uma pessoa viver sozinha eu não vejo problema. Vivo. Acho que todo mundo, em algum momento da vida, anseia seu espaço. Agora morar sozinho é diferente de pensar só em si, como se estivesse sozinho no mundo, como se seu umbigo fosse o palco, e todo o resto, fantoches. ISSO EU NÃO ADMITO.
Uma pessoa que passa por cima de todo mundo, que pisa, humilha, machuca, envolve, morde, bate, e faz tudo isso com um número considerável de pessoas lhe dizendo que isso é errado, feio, sujo, pode, sinceramente, um dia se arrepender de tudo isso? E esse arrependimento é porque Deus é justo e faz ela pagar pelo que fez, ou essa pessoa se arrepende pelo que causou para os outros? É uma questão de onde aperta SEU sapato ou os sapatos alheios?
Não consigo acreditar na sinceridade de um arrependimento tardio. Por que algumas pessoas precisam chegar ao limite de tudo, pra resolver voltar atrás? E todo mau que causaram? Todo sofrimento que deixaram? Como fazer vista grossa a tudo isso e PERDOAR.
Uma pessoa assim merece perdão? Que valor tem o perdão humano? O perdão humano não seria só uma forma de fazer com que essa pessoa possa deitar em seu travesseiro e conseguir dormir tranqüila, feliz e perdoada, enquanto as feridas que deixou continuam arregaçadas? Eu não consigo entender a ingratidão humana.
Acho que a gente é ingrato, principalmente, quando é criança. Lembro que minha mãe fazia o almoço, em tempo recorde, porque já tinha mais um turno de trabalho pela frente, e eu reclamava da comida, não queria comer. Muitas vezes ela chorava, triste com a minha atitude, e aquilo partia meu coração de tal forma, que tudo que eu queria naquele momento era me causar uma dor maior, para que pudesse de alguma forma pagar por aquilo. E eu me batia, me apertava, socava a parede, e dizia pra mim que nunca mais seria daquele jeito. E confesso que até hoje, às vezes, me sinto ingrata, mas nos primeiros sintomas de ingratidão, já tento reverter o jogo. E é por isso que não consigo entender como as pessoas podem ser tão ingratas, e de tantas formas, e por tanto tempo, e deitar a cabeça no travesseiro e dormir.
Isso tudo me causa uma revolta, um nó na garganta. Seja a ingratidão comigo ou com qualquer outro inocente.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dinheiro traz felicidade...





Por Juliana Ramiro

Antes de mais nada, gostaria de me desculpar pela ausência de posts nas últimas semanas. Final de semestre, ainda não consegui terminar a faculdade, então novembro é o mês D.
Tive que entregar meu projeto de monografia e lutar para ter a orientadora que realmente confio para meu trabalho. Deu tudo certo. Mais uma vez pelo caminho mais penoso, porém TUDO CERTO.
Eu não costumo falar em dinheiro, embora desde muito cedo tenha aprendido seu valor. Meus pais se casaram muito jovens, muito cheios de sonhos, de vontade, mas com pouca grana. Quando eu e meu irmão nascemos a coisa ficou mais apertada ainda. Posso dizer que tive uma infância humilde e, dentro daquela realidade, feliz.
O valor que dou para o dinheiro devo aos meus pais. Quando tinha uns 6 para 7 anos, eles estipularam uma mesada de 10 reais para mim e meu irmão, e nós deveríamos administrá-la até o próximo começo de mês, sem chamadas extras. Eu não fui daquelas crianças que ganhavam dinheiro para merenda na escola, fazia minhas refeições todas em casa. Nem fui daquelas que ia ao supermercado com os pais e colocavam tudo no carinho e, se algo fosse negado, abriam a maior goela e faziam um verdadeiro circo. Tanto eu quanto meu irmão aprendemos a pedir as coisas e entender quando o dinheiro tava curto. A mãe sempre conta que meu irmão pegava uma bolachinha recheada na mão e dizia: Mãe, esse mês tu tens dinheiro pra eu levar uma bolachinha? Se ela dizia que não, ele largava na prateleira e seguia agarrado no carinho.
Sempre tive uma visão empreendedora e um gosto mais barato. Meu irmão pegava o dinheiro dele e comprava um boné, que depois seria vendido para os amigos pela metade do preço, ou dado. Já eu dividia meu dinheiro nas semanas do mês, e toda semana, ia numa bazar “1,99”, a maravilha da minha infância, e comprava um brinquedo novo, ou uma peça de roupa. Uma vez apareci com um chinelo imitação de Rider, daqueles que era impossível correr com eles, porque não tinham a tira para prendê-los entre os dedos do pé. O fato de eu ter comprado meu próprio chinelo me encheu de orgulho. Na época não entendia muito bem aquela sensação, mas como era boa, seguia fazendo coisas para senti-la. E, claro, o que sobrava das compras no 1,99, juntava e comia de bala no bar da escola, como toda criança.
E foi essa sensação boa, de ter as minhas coisas, fazer minhas escolhas, e administrar minhas finanças, que me acompanhou por toda adolescência. E assim que pude, consegui meu primeiro estágio. E com o primeiro salário comprei um taco de sinuca importado, profissional. E mesmo que esse taco, hoje, não me sirva pra nada, na época foi gratificante poder entrar na loja e escolher o taco do meu gosto, que cabia no meu bolso, e pagar por ele, depois de um longo mês de trabalho.
De lá pra cá, estou com 22 anos, é isso que tenho feito. Batalhado pelo meu dinheiro e gasto ele com coisas que me fazem feliz. O dinheiro não traz felicidade? Traz sim. Traz felicidade para quem sabe ser feliz. E eu sei.
E fico feliz de ir ao shopping e poder comprar um presente de natal para minha mãe. Um presente não. O presente que eu acho que ela merece, que combina com ela. Poder dar esse mimo a ela me faz feliz.
E meu dinheiro não compra amigos, mas me dá a oportunidade de visitar os meus que estão distantes. E de encontrar os que estão por perto, de me divertir com eles.
E meu dinheiro não me dá cultura, mas me permite ir ao cinema, comprar livros, ir ao teatro.
E meu dinheiro não me bastaria para ser feliz, mas realiza alguns dos meus sonhos, e me traz cada vez mais sensações boas. De deixar a casa numa zona e voltar sentindo aquele cheirinho de limpeza, de simplesmente decidir ir, ir para qualquer lugar, por qualquer motivo, e ter o meio de chegar lá e voltar. Tantas coisas. Tantas sensações.

Repito, o dinheiro traz felicidade para quem sabe ser feliz.