quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Não sabia que a vida me traria o que jamais me deu...

Por Juliana Ramiro

Vontade de viver mais, viver tudo, viver cada instante como se fosse o primeiro. Deixei de gostar do desespero do último momento e, hoje, aprecio, a suavidade de um primeiro beijo, do nosso primeiro beijo.

Sempre achei que confortável era adjetivo de sofá e não de relacionamento. Hoje, sinto-me feliz e confortável nos teus braços. Tenho mudado. E essas mudanças não são fruto dos dias que passam pra mim, e sim dos dias que passamos.

Discordar e não fazer disso uma briga. Brigar e terminar a briga falando do quanto se ama e da saudade que se tem. Isso também é novo.

Estou diferente, todos percebem, e me olho no espelho e não mais, como sempre foi, lamento pelo que por ti me tornei. Só consigo agradecer por estar diferente e me sentir bem assim.

Eu, que sempre fui tão avessa a rotinas, adoro a rotina de te ter na minha vida, de passar o dia com a certeza de que em algum momento vou ter o teu sorriso. Gosto da água do lado da cama. Gosto das inúmeras conversas antes de dormir. Gosto da velinha do celular iluminando um pouco mais os teus olhos. Gosto da simplicidade de cada momento. Gosto de ler poesias antes de dormir. Gosto de viver numa eterna poesia contigo.


“Ah se eu pudesse descobrir de onde vem o seu poder
Onde mora o seu mistério, o seu remédio
Prescrito pra me absorver do mundo que ficou pr
a trás
Eu nunca fui amada assim
Perto de você me sinto "clean", me vejo enamorada
O teu carinho o teu cuidar, teu jeito de me reparar
Mesmo que eu esteja nada”



segunda-feira, 20 de agosto de 2012

DING-DONG: A CIDADE CHAMA



Os textos deste blog costumam ser autorais e falar de amor. Desta vez, a autora não sou eu, contudo, o amor está presente. O amor pela cultura. É um manifesto. Um lindo texto de Clarisse Muller.


Dizem que Érico Veríssimo, quando indagado sobre a cidade em que vivia, respondia com orgulho: sou de uma cidade que tem uma orquestra sinfônica. Já eu, Clarice Müller, nascida e criada nessa mesma cidade, respondo, com vergonha: sou de uma cidade que acolhe com festa um shopping, mas rejeita que sua sinfônica ali se instale; sou de uma cidade que por décadas aguarda a finalização de um teatro dedicado à sua maior cantora; sou de uma cidade que acabou, sem pestanejar, com o carnaval de rua, e jogou o que resta para os confins mais inabitados; sou de uma cidade que canta as façanhas do passado, mas desdenha a arte do presente; sou de uma cidade que impõe toque de recolher a seus habitantes. Sim, agora diversão e arte cumprem expediente de escritório. Agora a ordem é cineminha e cama, comida em casa, que na saída tá tudo fechado. Como a cabeça de quem nos governa. Fechar bares, isolar torcidas, logo, logo, cercar parques, isso lá é jeito de se administrar uma cidade??? Porém, como sociedade se faz fazendo, se os comerciantes, empregados, clientes, artistas, tutti la gente se juntarem, dá pra dar um basta nessa idiotice. Impor respeito, sabe como é? Não aceitar a muquiranagem como destino histórico, o sono como ideal de vida, o tédio como meio, a mediocridade como fim. Cidade-dormitório? Vão se catar! É preciso pensar e agir grande, transformar Porto Alegre num pólo irradiador de cultura, com o diferencial que um Village, uma Lapa trazem em prol da felicidade geral da nação, na falta de neve e chocolate amargo, claro. Não dá é pra dormir no ponto. Achar que, com o tempo, tudo se ajeita, se resolve. Ahã. Foi com toque de recolher que acabaram com o Bomfim, que só agora, mais de duas décadas passadas, lentamente ressurge. Quer ver esse filme de novo? É só cruzar os braços. Falando claro: estou incomodada, mas não vou me mudar, eu proponho é mudar. Junto contigo. Topa? Então compartilhemos, pois.

PS: NAO SOU CANDIDATA A NADA.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O melhor do amor é o roxo que fica

Por Juliana Ramiro

Sempre achei que o melhor do amor fosse a soma dos momentos felizes e das sensações dignas de serem relembradas e eternizadas numa publicação. Ah! O amor. Como ele me surpreende, rende, por vezes até ofende. Quanto mais quero pensar na complexidade de suas entranhas, mas ele me ataca com a simplicidade da própria pele.

Espanto-me. O amor não está dentro. Ele anda por fora. Ele nasce em casa e a gente o vive na rua. Ele floresce durante a noite, contudo, vive sob a luz do dia, dos dias, das horas, do tempo.

Por certo, o amor não está na flor, no amor perfeito, na maçã do amor, nos doces bem casados. O amor está no amargo, no lado amargo, oposto e sempre contrário.

Contraditório. O amor não está na união. O amor está no ódio. No mais azedo do ódio. Na parte mais dilacerada de um desenlace. Na linha que divide e, ao mesmo tempo, separa as coisas de certas coisas, as frases de certas frases, os amores do certo amor.

O amor está além da paz, além das alegrias. O amor se faz presente quando estamos para morrer de ódio e acabamos vivos de amor. Quando somos tomados pelo maior de todos os ressentimentos, que dura, aproximadamente, menos de um milésimo de segundo. E está lá ele, o amor, aquele certo amor, mais uma vez, socando a nossa cara, deixando nela um leve roxo nas bochechas e um hematoma maior em forma de sorriso.



"Se isso não é amor, o que mais pode ser? Estou aprendendo também." J.Q.