quinta-feira, 28 de abril de 2011

A felicidade dança na minha sala


Por Juliana Ramiro


Gostaria de ter tido tempo para escrever antes no blog, mas ser feliz e me realizar profissionalmente têm me tomado um tempo danado. Se antes eu estava completa, agora além de completa estou certa, confiante, realizada e cheia de sonhos.

A vida é engraçada, porque a gente nunca pode ter tudo, embora eu seja daquele grupo de pessoas que tenta abraçar o mundo para não deixar passar nada. O mundo gira, e o meu parece uma roda de Fórmula 1, e quer saber, mesmo que eu tivesse um botão de pausa, um pedal de freio, não os usaria, não sei viver em câmera lenta, num ritmo arrastado. Ainda tenho tanto que quero fazer, que a vida, mesmo que eu ainda dure uns 80 anos, parece-me pequena diante dos meus sonhos.

Bom, mas o que estava falando mesmo era de perdas e ganhos. Ganhei tanto nos últimos meses. Um amor, uma visita, uma saudade, um passeio regado de emoções, parcerias e carinho, uma conversa importante, um novo plano, uma mudança próxima de casa, de cidade, de estado – estado local, civil, sentimental, profissional. E eu ainda quero mais, e tem mesmo muito por vir.

Nas perdas, acabou uma confiança, perdi uma companhia – alguém que queria mais tempo por perto. Perdi umas poucas lágrimas, que abandonaram meus olhos, também meu estado de fingimento, de fazer de conta que não me machuco, que não fico triste, que sou superior e quero sempre a felicidade de todos. Definitivamente não quero. Perdi a pose, mas me senti mais eu. Perdi o pé atrás que tinha com algumas pessoas, o medo de me deixar sentir esse carinho. Perdi o meu tempo ocioso em prol da criação. Vou perder um pouco do meu espaço, da minha intimidade, talvez a convivência diária com meus gatos.

Meus ganhos foram tão consideráveis e importantes, que vejo as perdas como algo necessário para administrar tudo isso dentro de vinte e quatro e mais vinte e quatro horas. Infelizmente, esse é o tempo que tenho.

Disso tudo tiro algumas lições.

Perder nem sempre precisa ser ruim, tudo é uma questão de como se encara a perda. Ganhar nem sempre é bom, quem está de dieta não gostaria de ganhar peso, por exemplo. A nossa vida precisa estar organizada para receber os ganhos, e claro, nem tudo a gente controla, mas se alguém possui pauzinhos para mexer, este alguém tem que ser você, se tratando da sua vida.

Aprendi, também, que a gente não precisa ganhar o maior presente, da embalagem mais brilhante. O que vale daquilo que se ganha é o que vai por dentro. E só se sabe o que vai por dentro, quando se aceita uma embalagem meia boca e se arrisca no interior. Falo disso, porque de um modo geral, não ganhamos o melhor, o construímos. No entanto, se tratando de pessoas, eu ganhei a sorte grande, meu presente veio lindo por fora e inigualável por dentro.

De resto, o que se ganha e o que se perde está relacionado com o que se planta e o quão disposto a regar a gente se encontra. Depois de tantas gratas surpresas acho que posso me considerar uma louvável mantenedora do meu próprio jardim.

Desculpem-me, mas a felicidade deixou de bater na minha porta, e agora dança na minha sala. Não sei ser triste, melancólica, poética, nostálgica com um presente tão perfeito.