sexta-feira, 24 de junho de 2011
Grata surpresa
Por Juliana Ramiro
Tempo demais afastada do blog. Meus dias estão tão corridos que as coisas que gosto preciso deixar de lado para dar conta de tudo. Não gosto de ficar tanto tempo longe, tanto tempo com idéias acumuladas, sem refletir e jogar algo no “papel”. Muita coisa que queria ter escrito no momento exato, no auge da inspiração e passou... Pena.
Não foi só para me lamentar que reservei este tempo para escrever. Já devo ter dito isso algumas vezes, mas a cada capítulo, tenho mais claro que a vida é uma caixa de surpresas – boas e ruins. As surpresas ruins prefiro esquecer - elas só me tomam tempo e deprimem. Hoje quero falar de algo bom.
O que pode ter sido bom na vida de alguém que teve num único mês o carro arrombado, que perdeu uma prova importante na faculdade, passou dias e dias batendo boca no telefone com lojas, anda sem tempo para ir ao cinema, praticar esportes, assistir filmes, ou só ficar em casa?!?! O que pode ter de bom no junho de alguém que adoeceu, morreu de dor de cabeça, andou estressada, resolvendo mil problemas que estouraram todos ao mesmo tempo?!?!
Sei que é difícil imaginar, por vezes me questiono como não me passa pela cabeça desistir, largar de mão essa brincadeira de atender tudo e todos ao mesmo tempo, essa brincadeira de ser gente grande. Será um sinal divino pedindo para eu entregar os tacos, como naquela brincadeira de criança? Largar não é algo que me foi ensinado. Fui criada e a vida me treinou para nunca desistir, ir até o fim de tudo, conquistar minhas coisas, minhas vitórias. A qual preço? Não. Mas com todo esforço possível, certamente.
O fato é que algo muito bacana aconteceu. Amigos aconteceram. Acredite, quem pensa que pode viver sem eles está muito enganado. Não me considero uma pessoa de muitos amigos, mas no meu seleto grupo encontro a medida certa de força e carinho. Meus amigos se multiplicam na hora de conversar, na hora do abraço, do conselho. Eles seguem os mesmos – uns longe, outros perto - mas, sentindo minha fragilidade, dobram os cuidados.
A surpresa não foi saber que posso contar com eles, isso nunca foi novidade. O que aconteceu passou por dentro de mim. Até hoje nunca soube perdoar. Aprendi e sinto que valeu a pena. O perdão trouxe alguém que me fez bem e, que, aos poucos, volta a ser importante, retoma seu posto. Não é fácil ser meu amigo, reconheço. Meus amigos são como família - faço tudo por eles, mas espero o mesmo em troca.
E, nossa, como eles torceram por esse perdão... Tudo tem um preço e dessa vez pagamos esse preço juntos – eu e meus amigos, reunidos como antes, comendo, bebendo, rindo e jogando. O preço nem sempre é ruim. Neste caso foi ótimo.
Admito que perdoar me fez bem, no entanto, ver a alegria dos que sempre estiveram comigo e torceram por isso, foi o melhor preço de tal ato. Espero, do fundo do meu coração, ter feita a escolha certa, e que nossa alegria se mantenha, e que nossa união seja cada dia mais forte.
Obrigada para os que estiveram ao meu lado e para aquele que soube respeitar meu tempo e, mesmo de longe, preocupou-se comigo. Grata surpresa.
domingo, 12 de junho de 2011
De mudança...
Por Juliana Ramiro
Faz tempo que ando longe do blog por que na minha vida parece que tudo acontece exatamente ao mesmo tempo. É final de semestre, estou cheia de atividades por fazer, coisas novas no trabalho, um freela por terminar, um carro para negociar, um apartamento novo aguardando minha mudança e toda a arrumação pós-ela. É luz, é internet, é sofá, é cozinha por vir, roupeiro de já chegou, tomadas por instalar, tudo provisoriamente aguardando por mim.
No meu último banho na casa antiga, enquanto me secava e passava o único creme que ficou de fora das malas, vendo pela porta aberta a casa vazia, comecei a pensar nos significados de uma mudança. Quando a gente se muda opta por algo novo, opta por deixar coisas pra trás. E eu deixei.
Meu apartamento antigo foi minha primeira mudança, a única casa que tive em Porto Alegre. E nele recebi pessoas que nem falo mais, e amigos que me ajudaram na primeira mudança e até hoje estão na minha vida. Recebi postais, dos que foram viajar e contas, preço das minhas conquistas. Nele pude entender o valor de se ter liberdade, e apreciar tal condição.
Na minha antiga casa aprendi a lavar roupas, consertar canos, instalar spots de luz. Aprendi a fazer estoque de papel higiênico, a limpar a geladeira, e a desenvolver paciência com os vizinhos. Naquela casa deixei lembranças. As visitas, os carinhos, os choros, as alegrias, os muitos trabalhos.
Já vestida, após meu último banho, vou até o quarto, agora vazio, e vejo que o que dele sobrou foi a janela e a árvore, que descobri há pouco, mas que aprendi a apreciar. Nesse momento pensei que deveria sentir saudade. Não senti.
As pessoas que falo me desejam felicidade na casa nova, que essa conquista seja para minha alegria, meu crescimento. E mesmo com tudo que deixo para trás não consigo me imaginar infeliz, seja aqui ou em qualquer lugar.
Não sei sentir saudade do passado, acho que a cada dia a vida fica melhor, o sol se abre mais brilhante para mim. O passado não me dá saudade, sou apaixonada pelo meu presente. E por escolha minha, o futuro será melhor, para que eu não precise sentir saudade do que se foi.
Eu vou ser feliz aqui, na minha casa, essa foi a escolha que fiz. Onde estiver a felicidade estará comigo, a carrego entre as minhas malas.
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