Por Juliana Ramiro
Tempo demais afastada do blog. Primeiro foi o aniversário, depois o show, depois a Expointer e, junto com tudo isso, a MONOGRAFIA. Essas coisas todas ocupam quase todo meu dia. Estou acordando cedo para trabalhar, chego em casa, arrumo a bagunça mais urgente, tomo banho e mergulho nos livros, nas pesquisas, no meu primeiro capítulo. Quando vejo já é hora de dormir e um novo dia começa. Para qualquer pessoa que não gosta do emprego que tem e chegou à conclusão, nos semestres finais da faculdade, que nem era aquilo que queria estudar, minha rotina seria o próprio tédio. Para mim não. É puxado, porém adoro. Adoro, mas, por conta da informação, estou cada dia mais revoltada com a sociedade que vivo.
No primeiro capítulo da minha monografia, que tem como objetivo fazer uma análise de recepção sobre a matéria capa da revista Época, de 2 de junho de 2008 (Ed 524) – “Eles são do Exército. Eles são parceiros. Eles são gays.” (foto), estou fazendo uma análise geral da homossexualidade na sociedade. Para isso, escrevo sobre homossexualidade e a cultura religiosa, homossexualidade e o princípio da igualdade, entre outros temas. E é justamente quando busco entender como essas relações se dão que me revolto.
É pastor da Assembéia de Deus que usa seu programa de TV, há 30 anos no ar, para dizer que o homossexualismo é pura promiscuidade humana, e, além disso, comparar homossexuais a serial killers que esquartejam 50 pessoas.
É deputada estadual que, para defender sua posição contrária a criminalização da homofobia, diz que, como heterossexual, precisa ter direito de demitir um motorista, quando descobrir que ele é gay, para proteger seus filhos de serem bolinados pelo sujeito na ida para a escola, como se pedofilia e homossexualidade fossem palavras sinônimas.
É a sociedade como um todo, influenciada por gente assim, que mostra seu preconceito velado. Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo, 99% da população brasileira tem algum tipo de preconceito contra homossexuais.
É nosso legislador omisso e homofóbico, que com medo de não manter o cargo, acata bancadas religiosas e conservadoras, e deixa projetos de lei, que vem para guardar os direitos da minoria gay, rolando por anos e anos dentro do poder, enquanto os números nos mostram que, por ano, são assassinados cerca de 300 gays, e o motivo – CRIME DE ÓDIO.
Ódio eu tenho é de hipocrisia, preconceito, de gente atrasada, que parou no tempo e que não consegue aceitar o outro como ele é, respeitá-lo. Ódio eu tenho é dos homens, os mais contrários a homossexuais segundo todas as pesquisas, que enchem a boca para fazer piadinhas “de bicha”, deixam a mulher em casa e vão dar a bunda para travestis na calada da noite. Ódio e nojo tenho dos que se dizem religiosos, que constituem uma família, um lar, que abominam a homossexualidade por que isso está na bíblia e estupram as filhas quando chegam em casa, como se seus atos fossem abençoados por Deus. E ainda para esses preconceituosos, que se dizem religiosos, lembro que Deus ama seus filhos igualmente – sendo eles homossexuais ou não – ISSO TAMBÉM ESTÁ NA BÍBLIA.
Para pensarmos deixo uma citação, que vou utilizar no meu trabalho.
“Segundo a fé, fomos todos criados por Deus. A Divina Providência nos faz assim como somos. Nossos genes, nosso temperamento, nosso tempo e lugar na história, nossos talentos, habilidades, fraquezas – tudo isso faz parte do inescrutável e amoroso plano que Deus nos preparou. Assim, de algum modo Deus deve estar por trás do fato de que algumas pessoas são homossexuais. Se é assim, por que deveria a palavra de Deus na Bíblia condenar a homossexualidade? Deve haver um erro em algum ponto do raciocínio. Será que os homossexuais são um erro? Será que algo deu errado com as pessoas que são gays e lésbicas? Serão pessoas defeituosas? Há quem o creia. Mas, nesse caso, Deus deve ser mau ou deve estar pregando uma peça cruel – e isso não é possível. Deus não erra. Então, deve haver outra resposta. O erro deve estar na forma pela qual a Bíblia é lida.”
Helminiak (1998 – p. 21)