Por Juliana Ramiro
Meu blog normalmente tem um tom mais romântico, apaixonado... Desta vez senti necessidade de mudar um pouco o foco. Vou falar de amor, no entanto, do amor ao próximo. Amor fruto da educação, dos valores que fomos imersos quando crianças e jovens. Não é a primeira vez que leio “avatares” nas redes sociais criticando agentes de trânsito que se escondem para multar por excesso de velocidade, “metendo pau” na Lei Seca, comparando ela com a impunidade de um assassino. Frases como: “O cara bebe e é tratado como criminoso; o cara mata e consegue fugir” são recorrentes, revelando, no fim, um quadro de plena inversão de valores.
Enquanto trabalhei como instrutora de aspirantes a motorista, tentei, nos nove dias de aulas teóricas as quais são submetidos, passar para eles que o trânsito é construído por cada um. Enfiar a chave na ignição, acionar a mistura COMBUSTÍVEL + FAISCA + AR, engatar a primeira marcha e arrancar com o carro não são ações meramente químicas, motoras e mecânicas. Ingressando neste processo, o cidadão passa a ser responsável por todas as vidas que cruzarem sua frente, lados e costas.
O problema do trânsito está na dificuldade do ser humano de criticar o próprio umbigo. Olhar todo mundo olha. Agora, apontar, criticar, revolucionar é bem mais complicado. A maioria dos condutores quando recebe uma multa em casa logo pensa: “Quem foi o filho da “mãe” que me pegou, na certa ele estava escondido, como não o vi, vou recorrer, deve ter algo errado.” Dá para contar nos dedos quem recebe a multa e pensa: “Preciso avaliar minhas atitudes no trânsito, dessa vez minha imprudência só resultou numa multa, mas podia ter sido uma vida.”
Pagar quase mil reais de multa por ser pego dirigindo bêbado é muito caro? Você conseguiria pensar em quanto custa a vida das pessoas que ama? Mil reais será que paga a vida de um ser humano inocente? Ou será que sustenta a família que ficou sem sua principal fonte de renda e ainda vai ter que bancar infinitos remédios e tratamentos para manter um aleijado fruto da irresponsabilidade alheia?
Quem muito se preocupa com agente de trânsito escondido, o alto valor da multa por teor de álcool no sangue e tantos outros temas que rolar pela web, é porque está deixando de se preocupar com o principal. Se eu andar na velocidade permitia faz diferença se o agente está presente, escondido ou não? Se eu não dirigir bêbado faz diferença o valor da multa? Quem nunca cometeu uma infração de trânsito que atire a primeira pedra. Errar é humano, ser responsável pelo risco que expôs a si e aos outros é ser cidadão. Não persistir no erro é papel de todo cidadão consciente e educado.
VÍDEO QUE MOSTRAVA PARA MEUS ALUNOS