Exatamente hoje não, mas por convenção, neste mesmo dia, há dois
anos, veio ao mundo uma das minhas maiores paixões. A bonequinha cabeluda, que
a “tiarada velha" esperava para ver quem segurava primeiro, no colo de
quem ela ficava mais tempo e todas essas coisas de família simples que faz
tempo que as crianças cresceram, havia nascido.
Já fui muito menos sensível que hoje, e naquela época era
dura na queda, não era qualquer coisa que me fazia chorar. Porém, olhar-te, aquele
bebe pelado, branquelo, tentando abrir os olhos e pensar que eu, além de irmã,
era tua dinda, fez-me chorar. Aquele momento ficou nas minhas memórias como a cena
mais linda que meus olhos presenciaram.
E naquele momento chorei pela beleza do instante e por me
sentir um pouco responsável por ti, por imaginar quantas "crueldades"
acabarias por descobrir quando ficasse maior, quantas alegrias terias e quantas
desilusões também.
Lá, na maternidade mesmo, jurei para mim que nunca te
mentiria, mesmo quando viessem as perguntas que todo adulto não sabe o que
responder. Hoje, um pouco afastada pela minha falta de tempo e a distância
entre as cidades que moramos, não consigo acompanhar de perto o teu crescimento,
no entanto, o sentimento não se faz menor, nem ele, nem o meu "sentir-me
responsável".
Hoje, tens dois aninhos, e já sabes que existem coisas boas
e coisas "uuuimmm". E pra mim, o que é realmente "uuuimmm"
é não estar tão perto para acompanhar tuas descobertas. Sorte que a tecnologia
nos aproxima, e, pelas fotos de um e de outro, vejo o quão rápido o bebê vai
virando mocinha, e de mocinha mulher....
E meu texto, que era um cartão de aniversário, virou pedido
de desculpa, que talvez leias um dia, e talvez entendas o meu amor e a minha
pressa. Mesmo de longe, tua mana-dinda acompanha teus passos e
admira teu jeito leve, doce e sábio de levar a vida. E está aqui, sempre aqui, por
perto, para te ajudar a entender cada detalhe de cada coisa do mundo.
Feliz aniversário!
Juliana Ramiro