sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eternidade



Por Juliana Ramiro (09/12/2005)

Lendo uma crônica da Martha Medeiros, onde ela cria uma nova jura de amor na frente do padre na cerimônia de casamento, percebi como tenho medo dessa história de viver eternamente com a mesma pessoa. Sei que muitos vão descordar de mim, mas preciso atrair fiéis para minha defesa e, por isso, a defenderei até o fim deste texto.
Pra início de conversa, não acredito nessa história de amor eterno, ou de que o amor é cego, surdo e mudo. Primeiro, se o amor fosse eterno, quem ama deveria ser também, e não é. Segundo, o amor é abstrato sim, mas nunca vi uma pessoa amar outra que acha feia, por exemplo. Então o amor se materializa nos corpos, e por isso não pode ser eterno, já que ao longo dos anos, os quilos, as rugas, a gravidade, todas essas coisas se tornam inevitáveis. Hoje, amo um gato, sarado, engraçado, tudo de bom. Amanhã quando ele estiver barrigudo, cheio de manias, será que vou o amar ainda?!? Deixo a dúvida no ar. Amor cego, surdo e mudo??? Não, o que existe é gosto pra tudo, ou uma grande necessidade que nos faça ignorar essas coisas todas.
Mas uma questão a ser levantada, essa talvez seja bem pessoal. Agora que sou nova quando penso no futuro não consigo me imaginar dividindo minha vida inteira com a mesma pessoa, que não vai ser aquele príncipe que sonhei por muitos anos, longe disso. Imaginem, ter que acordar e sentir sempre o mesmo bafo, ver a mesma cara amassada. Nossa! Só de pensar já me arrepio toda. Haja amor pra me fazer suportar a eternidade.
Talvez os mais românticos se defendam dizendo que o amor com a convivência, supera todos esses obstáculos, pois é um sentimento puro, entre duas almas. Está bem, se fosse entre almas eu até que queria um “for ever”. Mas, nós sabemos, que esse negócio de almas cai por terra quando chegam as contas, o filho vai mal na escola, o ciúme bate na porta, a sogra faz visitas. Sem chance!
Muitas vezes, deparei-me com aquela história, se eu não disser pro meu namorado que quero passar a vida toda com ele, e que ele é o homem da minha vida, no mínimo vai dizer que sou uma insensível. Então, o que fazer??? Realmente concordo que quando estamos apaixonados nada nos tira da cabeça que dessa vez é pra vida toda. Foi, talvez, pensando que o grande Moraes escreveu aquela famosa frase: “...que seja eterno enquanto dure...”. Essas poucas palavras resolvem muitos problemas, e exprimem a minha verdade sobre o amor eterno. Enquanto vivo, eterno. No momento em que se acaba, surge uma nova eternidade.

2 comentários:

Rafaella disse...

Posto que é chama...

Juliana Ramiro disse...

exatamente