quarta-feira, 8 de setembro de 2010

“...solos tu y yo besando las heridas...”





Por Juliana Ramiro
Quem ainda não assistiu ao filme Habana Blues TEM que fazer isso. O filme é ótimo, político, romântico, sexual, musical, é tudo. Ele traz como história central a vida de dois amigos cubanos, que tem como sonho ganhar a vida como músicos.
Numa Habana empobrecida, os amigos não tem muito espaço. Eis que surge uma gringa em busca de músicos para fazer sucesso fora da ilha, claro, falando mal do sistema econômico e do governo ditatorial cubano.
Qual o preço desta fama? Falar mal da ilha é nunca mais voltar a viver nela. E a família? Amigos? Todos ficam presos no passado. Entre talvez a única chance de se tornarem músicos ou permanecerem na ilha com a família, um dos músicos compõe e canta, numa cena linda e triste, a que pra mim é a melhor canção do filme.
Tirando Cuba do pano de fundo e trazendo a música para o nosso cenário, o cenário de cada um, quantas vezes nos deparamos com situações assim dentro de um relacionamento. Quantos casais foram separados por divisas alfandegárias e por divisas criadas dentro do próprio sentimento e, principalmente, dentro da cabeça, de que a sobrevivência não seria possível?
E a música vai além. “Solos tu y yo besando las heridas”. Quantas pessoas se amam mas são tão diferentes que só o amor não dá conta de mantê-las unidas? Elas precisam de mais. E brigam. Sofrem. Se afastam. Voltam. E a cada volta beijam as feridas que deixaram quando foram embora e tentam recomeçar. E mudam de forma, e mudam de jeito. E mudam tudo, e vão assim, até que o que carregam no peito mude e deixe de ser o grande combustível deste ciclo.
O amor é o que as mantém, o que nos mantém.



2 comentários:

Rafa disse...

CA LI EN TI CI DA DE cubana!haha

Se afastam. Voltam. E a cada volta beijam as feridas que deixaram quando foram embora e tentam recomeçar...

Juliana Ramiro disse...

exato. calienticidade é óteeema. hehe