quinta-feira, 24 de março de 2011

Completo....



Por Juliana Ramiro



Foi uma questão de encaixe
Nossas escolhas para aquela noite
O gosto pelas mesmas músicas
Nosso jeito de dançar
A nossa dança

Depois veio o primeiro beijo
E um sucessivo encaixe de abraços
O carinho
O desejo
A luta contra a tecnologia
Uma única vontade: a de não perder contato

A primeira mensagem
A primeira ligação
A primeira janta
Mais uma sessão de timidez
Outro encaixe de beijos
Abraços...
Todo o nosso carinho

Uma noite sem dormir
Uma manhã contando histórias
Um convite sem pretensões
Mais um encaixe perfeito
Tímidas declarações
Horas no telefone

Um convite para ouvir
Um pedido para cantar
Uma linda música na história
Olhos que brilham e não se descolam
Mais uma noite de encaixe

A dificuldade de se soltar
A vontade de se ver
O carinho cada vez maior
Mais conversas
Mais declarações
O presente encaixado

Um encaixe de sorrisos
Um encaixe de pensamentos
Um encaixe de vontades
O nosso encaixe perfeito



(Poesia inspirada na música COMPLETO, cantada por Ivete Sangalo)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Love In The Afternoon...


Por Juliana Ramiro


Quando a gente resolve passar por uma mudança, seja interna ou externa - como trocar os móveis e a distribuição deles na casa -, a gente sempre se depara com o novo e resgata coisas que ficaram no passado. Esquecidas, perdidas, ocultas, ocultadas. Numa mudança é inevitável viver o novo e reviver o velho, um pouco do que fui, do que tive, do que gostei.

Um título em inglês, uma letra em português. Love In The Afternoon, interpretada pelo grande Renato Russo, faz parte do meu passado. Desde muito nova escuto essa música e ela sempre me trouxe um único sentimento: medo.

Medo de morrer jovem de mais, de perder alguém que gostava muito, de sentir muita saudade, de ter lembranças de tempos felizes, que nunca vou poder resgatar. Medo da vida passar ligeira, de ser levada pelo vento e não saber direito o que foi feito da minha juventude. Se realmente fiz as escolhas certas. E se elas vão me levar pra onde achei que iria.


“Quando eu lhe dizia:
"Eu me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"Eu gosto de você também."
Só que você foi embora
Cedo demais...
Eu continuo aqui
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Dia de chuva, dia de sol
E o que sinto não sei dizer.”


Hoje, um novo pensamento me surgiu. Nunca tinha pensado que esta música poderia comportar a narrativa de uma paixão que terminou, não exatamente pela morte, porque as pessoas não precisam perder a vida pra ir embora, mas porque elas morrem do jeito que foram idealizadas por tal paixão.

A gente se apaixona por alguém que imaginamos ser alguém. Costumo pensar que se a gente conhece muito uma pessoa, se torna incapaz de se apaixonar por ela. A paixão vem sempre antes. A gente se apaixona por aquilo que queremos ver, por aquilo que pensamos ser, por aquilo que idealizamos ser possível acontecer.

E claro, embora com o sangue mais frio a gente consiga perceber que foi exatamente isso que aconteceu, quando o sangue ferve a gente cai no mesmo erro. É a mesma paixão que mudou de remetente. E os mesmos cacos que foram deixados para trás.

Às vezes dá saudade? Claro. E em mim dói. Principalmente por saber que minha obra, quem criei para me apaixonar, diante dos meus olhos, NUNCA MAIS SERÁ A MESMA.

E o que sinto? Não sei. Só lamento por teres mudado para meus olhos cedo de mais, cedo demais.


sexta-feira, 4 de março de 2011

O que sobrou de nós foi uma linda árvore lá fora





Por Juliana Ramiro

O que sobrou de nós foi uma linda árvore lá fora

E olho para ela, tentando extrair da sua beleza, uma beleza nossa, que já não existe

Ela é grande, parece forte, e mesmo no escuro, ainda posso vê-la

Possui uma luz própria, que eu queria que nós tivéssemos, para que ficássemos lado a lado mesmo nos dias mais escuros

Em noites de lua cheia, parece que a nossa árvore invade o quarto e me acolhe em seus grandes galhos

Consigo dormir em paz

E pensar que ela sempre existiu e que precisei de ti para vê-la

E agora, a nossa árvore, é só minha

Tudo que construímos neste pouco tempo, vai sendo só meu e só teu

Tem noites que meu coração aperta e choro, pensando que tínhamos tudo para sermos felizes

E ao mesmo tempo, nos faltou o principal

Aos poucos teus detalhes, que me deixaram tão apaixonada, vão sumindo

E já não choro, e já não ligo e já não sonho os mesmos sonhos

E a árvore segue ao meu lado, me fazendo companhia todas as noites

E sendo, pra mim, o que de belo sobrou deste passado



Poesia inspirada na música Un Buen Perdedor, de Sin Bandera

"Y si el viento hoy sopla a tu favor
Yo no te guardaré rencor
No, claro que sé perder
No será la primera vez
Hoy te vas tú, mañana me iré yo"