sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Estranho e A Outra Face do Estranho





Por Juliana Ramiro (25/06/2006)




O Estranho

Ouvi uma bela história, não sei se vou conseguir contá-la com o mesmo requinte e todos os detalhes que me foram apresentados. Tu sabes bem que minha memória não é das melhores, mas acredito que vais gostar.

Era uma dessas histórias de amor que falava de uma bela Deusa, de longos cabelos ruivos e ondulados, de olhar e sorriso doces e, ao mesmo tempo, maliciosos. Numa tarde escura e chuvosa, a Deusa fugiu com um estranho para um belo templo, não muito grande, adornado com a pureza do azul e, muito próxima a esse templo tinha uma fonte aquecida a borbulhar.

A Deus e o estranho se amaram de forma tão intensa que os detalhes lhes fogem a memória, que registrou apenas a grandiosa intensidade como as coisas aconteceram, a entrega e o prazer. Mas o tempo, inimigo de todos os amantes, correu muito depressa e, quando perceberam, já era hora da bela Deusa voltar a sua morada. Ela se fora e deixara o estranho só com suas recordações. Os belos olhos, o encarnado dos lábios e cabelos, a pureza alva da pele, o odor suave, o sabor, o calor, o amor.

Dizem que ela se entregou para saciar os desejos desse estranho, ao qual jurou seu amor. O que a Deusa não sabia, era que essa entrega era imprudente e que deixaria marcas profundas. Seu pobre amante, depois dessa tarde, vaga sozinho, sem rumo. Ele já não enxerga a beleza do mundo se não fora através dos olhos dela. Todos os seus sentidos estão confusos, todas as sensações carregam turbilhões de lembranças e novos desejos.

Claro, não sou um bom contador de histórias e devo ter perdido informações importantes da transcrição original para esta, mas espero que consiga passar a essência e a beleza dessa história.

A Outra Face do Estranho

Também não sou uma boa contadora de histórias, mas vou tentar, nas poucas linhas que se seguem, recontar a tão linda história de amor entre a Deusa dos cabelos ruivos e o Estranho, acrescentando detalhes que ouvi da mesma história e que, de forma muito especial, marcaram minha alma.

Sem dúvidas é uma linda história, e até arriscaria dizer de conto de fadas, marcada pela pós e mútua melancolia. Assim como o Estranho sozinho, vaga sem rumo e precisa dos olhos da Deusa para enxergar as belezas do mundo, depois de tão significativa tarde, ela, tão linda Deusa de cabelos ruivos, não imagina mais a felicidade se não no reencontro com tão amado Estranho. Não consegue viver sem ter a certeza do presente e, por mais que saiba que, de forma especial, marcara esse homem, o medo de não tê-lo pelo tempo que dure esse amor é algo forte, atormentador.

Sofre o Estranho, sofre a Deusa. Tudo depois dessa tarde parece pesar na certeza, tudo depois desse tempo parece ser pouco, porém intenso, fraco porém verdadeiro. Sabe-se que até os dias de hoje, eles não conseguiram se reencontrar em tão celestial presença. Dizem que a Deusa não é mais a mesma, que por mais que o exterior continue intacto, algo dentro dela mudou fundo. Ela anda longe. Talvez ao encontro daquele Estranho, que chegou meio na sorte, no acaso, no destino.

E aqui, o destino, é o único a poder explicar tão fulgorosa história, só através dele ela ganhou início, meio e quem sabe, um dia, por obra somente do destino, ganhe um fim. Ninguém melhor que o destino para contar essa história, ninguém melhor que o criador para falar da criatura. Assim, fica no ar, no coração da Deusa e do Estranho a angustia do reencontro, e ainda, a dor de não saber como tudo acabará.


Obrigada ao meu grande amigo Lenir Bartnik por estar sempre presente na minha vida e me ajudar a escrever essa história.

Nenhum comentário: