Por Juliana Ramiro
Antes de desenvolver o assunto que escolhi para este post, aí vão alguns dados. Fui criada numa família religiosa. Seguimos, a grande maioria, o Evangelho Quadrangular. Somos orientados pela Bíblia e tiramos dela mensagens importantes, que tocam nossos corações. Não somos cegos, não somos massa, usamos a religião para nos sentirmos acolhidos, mais perto do pai.
É engraçado, sempre que digo que vou à igreja as pessoas me olham com uma cara de dúvida. Tu?!?! Sim. Eu. Hoje, parece que ter religião é careta, cafona, coisa de gente sem instrução. Acho que por isso estranham minha escolha. Não me considero careta, tenho tatuagens, piercing, um cabelo esquisito, falo sobre tudo, saio com meus amigos, faço festas, viagens, estou terminando a faculdade e tenho mais um monte de cursos no currículo. Pode-se dizer que sou uma “adolescente-adulta” normal. Não é falta de instrução, é uma necessidade.
Ter uma religião para mim, ir à igreja, é, no meio de toda correria de uma semana, reservar um momento para olhar para dentro. Infelizmente, sozinha, longe da igreja, esse momento acaba sempre ficando para depois. O culto é uma forma de me comprometer comigo. Olhar para dentro não é fácil. Muitas vezes, a gente prefere errar e, olhando para fora, culpar o outro das nossas próprias falhas.
Com tanta violência, mentira, agressão, violação lá fora, nesse mundo doido que vivemos, é olhando para dentro e um pouco para cima, que busco as energias necessárias para seguir, para traçar meu caminho. Alguns caminham sozinhos, cheio de si, de razão. Faço isso, mas preciso sentir que alguém olha meus passos, que alguém, algo, algo maior que eu, que tudo, caminha ao meu lado.
Logo que me mudei para Porto Alegre, a correria foi tanta que acabei caminhando do jeito que dava. Posso dizer que não cometi tantos erros, essa força superior, que eu chamo de pai, seguiu ao meu lado, mas faltava que eu estivesse ao lado dela. A religião para mim é como uma família, a gente não precisa morar junto, morar perto, mas a gente precisa regar o laço, renovar o laço.
Hoje, de volta, vendo a minha vida mais animada, mais positiva, mais no rumo que gostaria que ela estivesse, vejo que falta estar longe me fez.
“Se às vezes me escondo, em você me acho
Nem dá pra disfarçar Preciso dizer:
você faz muita falta Não há como explicar...
Foi sem você que eu pude entender
Que não é fácil viver sem te ter
Meu coração me diz que não
Eu não consigo viver sem você”