quinta-feira, 8 de março de 2012

Quem nunca amou ao menos uma mulher na vida?




Por Juliana Ramiro


Quem nunca amou ao menos uma mulher na vida? Posso dizer que amei algumas. Não sou feminista, não sou a favor de comparações entre os sexos, este texto é uma extensão daquilo que venho sentindo desde antes de vir ao mundo, quando me apaixonei pela primeira vez e pela mulher mais importante da minha vida: minha mãe.

Abdicar de noites de sono, do corpo naturalmente perfeito, se permitir engordar, inchar, desequilibrar e gerar. Servir de casa, de abrigo para um novo ser que vem ao mundo. Se Deus assim o quis, é por que só a mulher seria capaz de desempenhar este papel com tamanha maestria. Mesmo com todas as dificuldades do dia-a-dia desta missão sei que ela me amou e eu a amei desde o primeiro instante que nos tornamos uma a realidade da outra.

Depois, nos primeiros anos de vida, descobri que existia outra mulher pela qual estava de quatro. Seu jeito doce, compreensivo, de quem já passou por um bocado de coisas na vida e saberia me entender e aconselhar sempre que eu precisasse de ajuda, deixou-me encantada. Tenho muitas lembranças felizes com meu avô na infância, na adolescência, agora, deitar no colo da minha avó e receber sua mão trêmula, indo e vindo nas minhas costas, foi, certamente, uma sensação única, da qual morro de saudade.

Depois vieram outras mulheres. Minhas tias, elas eram as mulheres que eu gostaria de ser quando crescesse. Determinadas, engraçadas, estudiosas, elas me ensinaram a amá-las e amar estar na companhia delas.
Tenho certeza que amei minha primeira babá. Ela podia ter alguns muitos defeitos, mas paciência era uma das suas maiores virtudes. Com ela aprendi a gatinhar, a dar meus primeiros passos, comer alimentos diferentes, crescer. Eu a amava por tudo isso e, também, por que ela me matinha entretida, até que a mulher da minha vida voltasse para casa, para mim.

Depois amei a minha professora do jardim. Lembro até hoje que ela chegava na sala de aula, tirava seus sapatos de salto alto, punha nos pés um chinelo Havaianas e sentava no chão para nos apresentar, todos os dias, um mundo novo. Depois dela, amei a professora que me ensinou a ler, que entendeu minha inquietude em saber mais, e sempre mais, e não fez disso um motivo para advertências. Amei algumas professoras que reconheceram e estimularam os meus talentos para por no papel aquilo que sempre tive dificuldade de fazer sair pela boca.

Amei algumas amigas, que pude contar em momentos decisivos de minha vida. Admirei mulheres que, mesmo em tempos difíceis, riscaram seus nomes na história, na minha história.

No ano passado, amei a primeira mulher que não fez esforço algum para que nascesse esse sentimento dentro de mim. Lembro que foi amor a primeira vista, eu a vi, enchi meus olhos de lágrimas e soube que era para sempre. A Vitória, minha irmã-afilhada, despertou e vem despertando em mim uma nova modalidade de amor.

Sei que o lugar dessas mulheres que amei, e amo, poderia ter sido preenchido por homens. Mas tenho plena certeza que seria totalmente diferente. Para mim, uma pessoa é capaz de passar a vida inteira sem amar um único homem, agora não existe quem não tenha se visto amando uma mulher.


*Texto lido no programa EU TÔ FALANDO DE AMOR, na rádio 2 Iguais, do dia 8/03, em homenagem ao dia internacional da MULHER.

5 comentários:

Mirian Baladão disse...

Conforme seu texto Ju, nós sempre amaremos uma Mulher ! Parabéns !

Juliana Ramiro disse...

Obrigada pelo comentário, Mirian.
Volte sempre por aqui!

Até mais!

Maria Fernanda Candido Paetzel disse...

Tão, tão, tão perfeito, Juzita! Lindo demais....amei!

Saudades mil!

Nanda.

Juliana Ramiro disse...

Obrigada por voltar a aparecer por aqui, Nanda. bjo bjo

Saudade super de ti.

Franlegionária disse...

Identifiquei-me. Muito bom mesmo.