quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

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Por Juliana Ramiro

Aula de teorias da comunicação. Professor chega, faz cara de sacana, a chamada, põe o saco de provas junto ao peito, vai para frente do antigo quadro negro, hoje atualizado para branco, e espera o fim do alvoroço para passar as últimas informações antes de eu sentir minha formação entrando pelo cano.

Palavras dele: prova objetiva, são cinco questões, cuidem os “pega ratões”, não olhem para os lados, não colem, a prova é rápida, porém vocês não podem terminar e sair, esperem meu sinal. Só não levantei e fui embora porque olhei para os lados e vi que meus colegas jornalistas pareciam conformados com aquilo que, para mim, era mais que um absurdo. Fiquem com a maioria, fazendo meu próprio advogado do diabo.

Para que serve uma teoria? Para que serve uma prova objetiva com “pega ratões”? Afinal, para a avaliação de um professor universitário o que interessa mais é o quanto eu não sei de um conteúdo? Ou, ainda, o quanto consigo decorar e estar tranquila no momento da prova para não cair num obstáculo pouco teórico?

O conteúdo da prova, em folhas de xerox, chegou a mais de 200 página. Tratando-se de teorias, umas cinco. Considerando-se a aplicação desse conteúdo, igual a zero. Do que me adianta decorar uma teoria sem ter um acompanhamento na sua aplicação? Esse é o tipo de coisa que a gente não aprende lá fora, no mercado. Jornalista que não se tornar pesquisador vai morrer sem fazer a aplicação de uma teoria, ou, no mínimo, aprender no período da monografia o que não viu na formação inteira. Para mim, está tudo errado.

O valor de aprender uma teoria está no quanto a gente consegue aplica-la, não?! Simplesmente falar sobre teorias tem algum valor curricular? Teoria boa é teoria citada. E aqui uso aspas de mim mesma, pois acredito que minha forma de ver o ensino é, no mínimo, mais adequada que a utilizada nesta disciplina. “Professor preguiçoso, profissional pobre” (isso daria um título de livro), lamenta Ramiro (2012), que está no último ano da faculdade de jornalismo e não esperava ter esta última decepção pré-formatura.

Ei, Famecos, avancemos no processo de educação como na evolução do quadro negro. Superemos o negro, avancemos o verde, cheguemos ao branco, ensinemos a pensar.

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