Não
sou boa em despedidas. Na
falta do que dizer, acabo fingindo que estou aqui quando na verdade
já estou de partida. Sinta culpa pelo prazer que me dá seguir
viagem, principalmente quando lembro que cada ida é uma vinda que
fica para trás. E mesmo que a gente diga que a casa vai ficar
arrumada, ela jamais será a mesma. Aquela bagunça do dia a dia é
que dá o colorido da morada. A organização jamais substituirá uma
presença.
Nessas
de fingir que estou onde não estou acabo economizando meus abraços
e poupando palavras de carinho, que talvez explicassem o que sinto.
Faço isso por proteção, pois a cada despedida perco um pedaço de
mim. Ganho novos, é verdade. E é verdade também que, se desse,
reteria todos esses pedaços e os levaria comigo, junto com as minhas
economias sentimentais.
Quando
ouço pessoas falando das suas viagens pelo mundo sempre penso: isso
não é para mim. Das poucas vezes que saí de casa e me arrisquei sempre conheci
pessoas que quis trazer comigo. Para mim, viajar é dividir o coração
entre um mundo novo e o meu. Não tenho coragem para isso.
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