terça-feira, 22 de junho de 2010
O Itororó faz parte da minha vida
Juliana Ramiro (junho/2008)
O Itororó faz parte da minha vida e, humildemente, posso dizer que minha existência contribuiu para a escola ser o que é hoje. As primeiras recordações que tenham são de quando eu tinha de três para quatro anos. Hoje, tenho quase 20. O prédio da escola era verde claro, o pátio de areia e a cerca de madeiras caídas.
Lembro que tinha uma horta no fundo do pátio, e alguns pés de bananeira. Tão plantadas na escola quanto os legumes da horta, Cilene Ramiro e Loiva Maria dos Santos, com a sineta em punho, coordenavam a entrada dos alunos.
Eu adorava a tal sineta. Ela ainda existe e é usada. Pensando agora, quantos dias fui para o Itororó, por que não tinha com quem ficar em casa, e me comportava bem em troca de alguns minutos chacoalhando a sineta da tia Loiva.
O Itororó, desde muito, é a segunda casa da minha mãe, Cilene. Por isso, acabei ganhando alguns tios e tias. Lá, coisa que não vi nas outras escolas que estudei, as pessoas são tratadas de maneira muito especial. O envolvimento de quem trabalha é além das 40, 20 horas estipuladas pelo Estado. Aquele papo de que no futuro não vão mais existir professores e escolas tradicionais, que será tudo pelo computador, parece-me absurdamente impróprio se tratando do Itororó. O bairro Ermo, a Vila Chega Mais ganham muito com a escola, que hoje já tem mais salas de aula, mais cimento do que areia, uma tela envolvendo o terreno e até a arte do grafite. Desconheço a existência de outra escola com tantos projetos envolvendo pais, alunos e professores.
Quando digo que faço parte da escola é por que passei minha vida toda andando por aqueles corredores. De início eu comia a merenda, entregava os bilhetes mimeografados. Depois, com o passo dos anos, fui vestindo mais a camisa. Fui professora voluntária de violão, montei grupo de canto, virei fotógrafa oficial, e, nas últimas formaturas, até arrisquei umas palavras como mestre de cerimônia. Mais, certamente, o que fiz de maior para o Itororó, foi entender e aceitar o envolvimento da minha mãe com as causas da escola. E, principalmente, entender que além do Rafael, eu tinha mais um bocado de irmãos que precisavam de muita atenção. Com a escola aprendi a dividir. Dividir a atenção da minha mãe, dividir meu tempo, achando horários para ajudar o Itororó.
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