quinta-feira, 4 de novembro de 2010

“Não sou eu que me faço voar, o amor é que me voa”





Por Juliana Ramiro

Feriado cheio de programações e paixões. Recebi um convite do meu amigo Léo para ir visitá-lo em Caxias do Sul e, no dia 2, terça-feira, fazer uma trilha em Cambará do Sul, para conhecer os Cânions de lá. Sabia que seria puxado, mais de 30 km de caminhada, no sol, sem ter muito onde parar, carregando comida e água nas costas, sem guia. Aceitei o desafio. E de lá, além do cansaço e algumas queimaduras pelo corpo, trouxe algo marcado nos meus olhos e ainda um pouco mais pra dentro.
                Cheguei à ponta da primeira pedra, olhei para baixo e vi uma imensidão verde, doce e ao mesmo tempo feroz, intocável, no entanto, bem na minha frente, ao alcance de um pulo. Calma. Não entendam este pulo como uma tendência suicida, é mais que isso. Chegar à ponta da pedra, próxima daquela imensidão, trouxe-me a mesma sensação de quando me vi apaixonada pela primeira e todas às vezes.
                Senti um frio me correr na espinha, um alvoroço na barriga, uma vontade de sorrir, de gritar, de abrir os braços e deixar que o vento tocasse meu corpo. Cada pedra que cheguei o mesmo sentimento, porém como uma bela novidade, sempre nova, sempre única, sempre minha.
                Durante todo o caminho não pensei em voltar, ou desistir, eu queria chegar à ponta da próxima pedra, apaixonar-me de novo. Ter aquela paixão forte, ardida, dessas que nos fazem largar tudo, e se acostar com quase nada, mas precisar sempre de mais. Eu tive sede, e mesmo sem água eu teria seguido na trilha, minha sede por aquele sentimento, naquele momento, era maior que qualquer outro desejo.
                Hoje, já acostumada com a falta da paixão, penso que se tudo que eu me apaixonasse fosse como um Cânion eu estaria feliz. Apaixonar-se por gente é a certeza de mais um ADEUS. A gente se apaixona, a paixão vai embora sem nem nos avisar, e as pessoas vão com ela, na mesma velocidade e frieza. A paixão que senti na ponta da pedra, eu posso voltar para buscá-la, sempre que quiser refazer a trilha, a escolha é minha, e ela vai estar sempre lá, a espera de meus olhos.

“...Não sou eu que me faço voar, o amor é que me voa
E atravessa o vazio entre nós pra te dar a mão
Não sou eu que me faço voar, o alto é que me voa
Meu amor é um passo de fé no abismo em seu olhar...”


2 comentários:

Anônimo disse...

Belíssimo post! Lindo demais. Palavras que parecem ter sido escolhidas a dedo.

Ah, as paixões...tão avassaladoras!Todas elas! Apaixonar-se é humano ... e é um dos sentimentos humanos que mais mexem com o corpo...

Estou apaixonada!

Beijos, Juzita!

Juliana Ramiro disse...

Obrigada, Nanda. Sempre ótimos os comentários. E simmm, as paixões são sempre avassaladoras.