sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bailarina e Soldado de Chumbo




Por Juliana Ramiro


            Fazia tempo que não participava de um Sarau. Aliás, fui a vário como ouvinte. Só participei num. E lembro até hoje, nele descobri que, mesmo tímida, ter a atenção dos outros era algo que me atraía. Meu assunto não é o Sarau, mas uma das conversas que rolaram nele - o Teatro Mágico. Banda, espetáculo, show, não sei como descrever o que é o Teatro, talvez um teatro mesmo. Enfim, as letras são ótimas e uma delas, em especial, ficou martelando minha cabeça a semana inteira. Entre uma atividade e outra, eis que surgia a história da Bailaria e do seu par, o Soldado de Chumbo, na minha boca. Não tinha como a música não virar tema aqui.


“De repente toda mágica se acabou
E na nossa casinha apertada
Está faltando graça e está sobrando espaço
Estou sobrando num sobrado sem ventilador”


            Tudo que sobra num relacionamento é ruim. Tudo que falta também. Estar sobrando ou faltando é sinal de que não está na medida certa, não existe um equilíbrio. Um copo vazio muitas vezes não mata a sede. Um copo muito cheio transborda, derrama, acaba molhando o chão.

            Os mais materialistas vão dizer que dinheiro sobrando é bom, não é, primeiro por que, na verdade, nunca sobra. O que não se gasta num mês se gasta no outro, investe-se. Agora me diz: Tem como investir amor para não sobrar? O que não conseguimos amar neste mês vamos amar no próximo, e tudo bem? Ou se faltou amor. Até quando um vai esperar o outro ressarci-lo dessa falta?


“Vai dizer que nossas preces não alcançaram o céu?
Coração, que ainda vem me perguntar o que aconteceu
Conta se seu rosto por acaso ainda tem o gosto meu”


            O difícil é aceitar que não existe o equilíbrio, é pensar que tem coisa de mais ou coisa de menos naquilo que era para tão perfeito. O difícil é entender que não é a gente que está querendo demais, é que está faltando mesmo. Nessas horas a cabeça tenta mostrar o real, no entanto o coração da Bailarina segue tentando se iludir. O difícil é entender que a Bailaria do Soldado de Chumbo precisa seguir sem ele, e que isso é melhor para os dois. O difícil é:

“Nossa casinha vazia
Parece pequena sem o teu balé
Sem teu café requentado
Soldado de Chumbo não fica de pé”

E, mesmo assim, seguir, esperando que o tempo ponha, mais uma vez, tudo no seu devido lugar.


2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo demais. Da vontade chorar.

Juliana Ramiro disse...

Obrigada.

Sempre que te sentires a vontade passa por aqui.