quinta-feira, 6 de maio de 2010

Figueiró e a mala de conquistas


(Texto meu publicado no jornal Folha Guaibense - homenagem ao meu avô)


“...Quem sou eu, que na solidão das ruas, longe dos amigos, parentes, daquele que foi o meu lar paro e penso sem obter nenhuma resposta?...” O dono dessas palavras, que gritam por socorro e que serviram, em 23 de dezembro de 1978, para salvar um homem das ruas, é o guaibense Cláudio de Oliveira Figueiró. O mecânico, soldado, bancário, jogador de futebol, secretário da saúde, repórter esportivo, benemérito cidadão guaibense, pai, marido e avô, hoje, com 68 anos carrega uma mala cheia de conquistas.
Casado com Carme Rosa Figueiró, há 47 anos, é pai de três mulheres. Cinara, a primogênita, é graduada em Direito e atualmente juíza do trabalho; Cilene fez Pedagogia e dirige uma escola; Cláudia, a mais nova, é psicopedagoga e professora estadual. A estante da sala, repleta de porta-retratos, traz as fotos das formandas com os respectivos diplomas. Os quadros que lá estão representam a luta e a vitória do casal.
Figueiró, como é conhecido na cidade onde nasceu e vive, começou a jogar na categoria principal do Guaíba Futebol Clube, time do seu coração, aos 16 anos. Presidente por oito vezes, vice mais algumas e figura presente até os dias de hoje, é um apaixonado pelo esporte, que acabou proporcionando a ele reconhecimento em nível nacional. O aposentado, em 1973, ganhou o troféu Belfort Duarte, dado ao profissional que conquista a marca de 200 partidas oficiais, em dez anos, sem ser expulso. O prêmio concedido pela Confederação Brasileira de Desportos, anos mais tarde, rendeu-lhe o título de cidadão guaibense.
O moço de considerável topete, olhos verdes e porte atlético, que ia ao encontro da amada com uma motocicleta Monarch 125 vermelha, cede seu espaço para o senhor careca, de juntas grossas e pele enrugada que anda pelas mesmas ruas de outrora, agora asfaltadas, num Gol branco. O vovô “brum-brum”, como é chamado pelo caçula de seus seis netos, pode ter perdido cabelos, músculos, mas ainda carrega consigo muitos traços da juventude - a curiosidade aguçada, a criticidade, o inconformismo, o bom humor.
Os olhos verdes, que antes a namorada conquistavam, vão lendo tudo que podem para deixar a mente informada, além de servirem de porto seguro à família. Agora, eles acompanham a modernidade. Cláudio de Oliveira Figueiró, aos 68 anos, põe os óculos, ajeita-se na cadeira e dá os primeiros passos, com o auxílio do mouse, em frente ao computador.

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