quarta-feira, 27 de julho de 2011

Partir.



Por Juliana Ramiro

Partir.
Uma das palavras mais tristes que martelam na minha cabeça.
Partir rima com desistir, cair, ferir, falir.
E pra mim, deveria rimar, também, com sofrer, desfalecer, empobrecer, perder.

Tantas rimas possíveis.
Aos poucos, dentro desse livro preto, vou perdendo minhas palavras preferidas.
Amar, sonhar, conquistar, acreditar, realizar.

Gosto do som aberto que as finaliza.
O espaço que lhes dá a boca.
A liberdade com que se acomodam ali.
O espaço que deviam ocupar na minha vida.

Partir em si já é tão apertado.
E ele ainda divide espaço com a língua.
Dentro da boca ou na vida - sobra quase nada.


Ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir



(Poesia escrita ao som de Eu Te Amo – do Tom e do Chico, na voz da Ana Carolina)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Desafio Literário



Evandro Oliveira, autor do blog Sabor da Letra, respondeu ao desafio e lançou o mesmo para quem se interessasse. Vivian Carvalho, do blog pecado é não morder a maçã, participou e comentou que eu iria gostar. Aqui estou.


1 - Existe um livro que você leria e releria várias vezes?
Soldados não Choram – Roldão Arruda

2 - Existe um livro que você começou a ler, parou, recomeçou, tentou e tentou, mas nunca conseguiu ler até o final?
Comprometida - Elizabeth Gilbert

3 - Se você escolhesse um livro para ler para o resto da sua vida, qual seria ele?
100 Sonetos de Amor – Pabro Neruda

4 - Que livro você gostaria de ter lido, mas que, por algum motivo, nunca leu?
Operação Massacre – Rodolfo Walsh

5 - Qual livro que você leu cuja "cena final" você jamais conseguiu esquecer?
É Tarde Para Saber – Josué Guimarães

6 - Você tinha o hábito de ler quando criança? Se lia, qual tipo de leitura?
Sim.  Mas não lembro o que lia. Já adolescente gostava de poesias, romances, Machado de Assis, Drummond, Goethe.

7 - Qual o livro que você achou chato, mas ainda assim o leu até o final?
Extensão do Domínio da Luta - Michel Houellebecq

8 - Indique alguns dos seus livros favoritos.
Memória de Minhas Putas Tristes – Gabriel Garcia Marquez
A Mensageira das Violetas – Florbela Espanca
Dom Casmurro – Machado de Assis
Budapeste – Chico Buarque
Minhas Histórias dos Outros – Zuenir Ventura
O Próximo Amor - Yves Simon
O Lado Fatal – Lya Luft
Reunião de Família – Lya Luft
A Sangue Frio - Truman Capote

9 - Qual livro você está lendo no momento?
Fragmentos – Caio Fernando Abreu
Aprendendo Action Script 3.0 – Rich Shupe e Zevan Rosser
Media Handbook: um Guia Completo para Eficiência em Mídia – Helen Katz
Outros para minha monografia



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terça-feira, 19 de julho de 2011

Desistir de ti é desistir de mim



Por Juliana Ramiro

Por mais difícil que possa ser o caminho, eu escolho viver, não apenas existir.
Como já disse o poeta, viver sem ter amor, não é viver.
Desistir de ti é desistir de mim.
Se tua felicidade não é suficiente, vou ser muito feliz, tanto que minha felicidade será suficiente para nós, até que encontres a tua.
Se sentes que tuas energias estão acabando, eu serei uma fonte, e vou alimentar a minha e a tua vida, com a energia necessária para iluminarmos uma cidade inteira, e se quisermos o mundo.
Se teu caminho parece confuso, o meu será uma reta, e eu serei a tua bússola, e se mesmo isso não for suficiente, serei tua guia, e caminhando ao teu lado, estaremos juntas na saída.
E se teu fardo parece pesado demais, o meu será leve o bastante para que possa dividir o teu fardo contigo. E quando terminarmos o transporte, meus braços ainda serão teus, e os teus meus, no abraço da vitória.
E se nada disso funcionar, ainda sim vou estar ao teu lado, e vamos começar tudo de novo. Tentar faz parte da vida. E eu acredito que pode dar certo.
Entenda, mesmo que tudo pareça dar errado, pouco importa, por que eu e tu já demos certo.
Desejo todo amor do mundo para ti, mas, acima de tudo, o meu.


"Cantar para você dormir" - Minha mais recente lembrança

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Sim, a vida é insuficiente



Por Juliana Ramiro



Estou numa semana inspiradora, semana de mudanças, realizações. Papéis encaminhados, tornando real o sonho da casa própria. Semana daquelas que a gente não caminha, pula de alegria. Hoje acordei cedo, cheguei ao trabalho e, como de costume, abri meus e-mails e redes sociais. O primeiro texto que pulou nos meus olhos foi “linkado” por uma amiga, ela sabia o quanto aquelas palavras seria interessantes para mim. E foram. Muito. Tanto que resolvi escrever sobre elas.


“Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. (...) Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.” (Eliane Brum – colunista Época)


Nem sempre tive a melhor relação do mundo com meus pais, sou uma pessoa difícil e, claro, herdei muito deles. Em épocas mais conturbadas, penso que seria melhor ser alguém mais simples, que isso traria uma paz constante para nossa relação pais e filho. Ser fácil me parece pobre, admirável, mais vazio. Costumo dizer que não nasci para isso, assim, a idéia de facilitar as coisas entra, mas logo sai dos meus pensamentos, que são muitos.


Desde muito pequena pensar é um exercício constante. Minha mãe que o diga. Lembro como se fosse hoje, devia ter uns 11 anos, e todas as minhas conversas com ela começavam assim: “Mãe, sabe o que eu tava pensando...”. E a partir dali ela ouvia meus plano para o futuro, o que eu ia fazer de faculdade, a carteira de motorista que queria tirar, onde gostaria de morar, meus planos de morar sozinha, os próximos cursos que faria. Depois de ouvir, ouvir e ouvir, lá pela décima vez que introduzia o “Mãe, sabe o que eu tava pensando”, ela dizia: Filha, pára de pensar um pouquinho, vamos viver o hoje.


Viver o hoje foi sempre uma dificuldade para mim, confesso. Sempre quis estar adiante. Chegar na frente, ser logo gente grande, ter responsabilidades. Acho que isso é mérito meu, mas tem muito de meus pais. Posso dizer que fui uma criança que ouvi uns “Te vira, meu filho”. E com o tempo, deixei de ouvir, pois peguei gosto por me virar cada vez mais sozinha. Não fui uma criança triste por ouvir, desde sempre, que a vida não era um morango, que chantilly era caro, que éramos pobres e que tudo viria mediante muito esforço. Tive ótimos exemplos e aprendi a dar valor às coisas simples, como um almoço em família, um chá com bolacha Maria.


Hoje, sempre consulto meus pais para grandes realizações, mudanças, e conto com o apoio deles. Mas a palavra final é sempre minha. Isso me faz bem. Como diz Eliane Brum na sua coluna, e eu apoio, crescer é compreender que a vida é insuficiente, e que por isso é melhor não perder tempo. O meu maior medo é não ter tempo de fazer tudo que passa pela minha cabeça. Por isso vivo em constante corrida. Viver correndo é ruim? Não sei. Há quem diga que sim. Como cantou Caetano Veloso, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Eu aceito a dor e faço a delícia, a minha recompensa, valer muito a pena.


CLIQUE AQUI e confira a íntegra da crônica mencionada no texto.



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sexta-feira, 8 de julho de 2011

O Estranho e A Outra Face do Estranho





Por Juliana Ramiro (25/06/2006)




O Estranho

Ouvi uma bela história, não sei se vou conseguir contá-la com o mesmo requinte e todos os detalhes que me foram apresentados. Tu sabes bem que minha memória não é das melhores, mas acredito que vais gostar.

Era uma dessas histórias de amor que falava de uma bela Deusa, de longos cabelos ruivos e ondulados, de olhar e sorriso doces e, ao mesmo tempo, maliciosos. Numa tarde escura e chuvosa, a Deusa fugiu com um estranho para um belo templo, não muito grande, adornado com a pureza do azul e, muito próxima a esse templo tinha uma fonte aquecida a borbulhar.

A Deus e o estranho se amaram de forma tão intensa que os detalhes lhes fogem a memória, que registrou apenas a grandiosa intensidade como as coisas aconteceram, a entrega e o prazer. Mas o tempo, inimigo de todos os amantes, correu muito depressa e, quando perceberam, já era hora da bela Deusa voltar a sua morada. Ela se fora e deixara o estranho só com suas recordações. Os belos olhos, o encarnado dos lábios e cabelos, a pureza alva da pele, o odor suave, o sabor, o calor, o amor.

Dizem que ela se entregou para saciar os desejos desse estranho, ao qual jurou seu amor. O que a Deusa não sabia, era que essa entrega era imprudente e que deixaria marcas profundas. Seu pobre amante, depois dessa tarde, vaga sozinho, sem rumo. Ele já não enxerga a beleza do mundo se não fora através dos olhos dela. Todos os seus sentidos estão confusos, todas as sensações carregam turbilhões de lembranças e novos desejos.

Claro, não sou um bom contador de histórias e devo ter perdido informações importantes da transcrição original para esta, mas espero que consiga passar a essência e a beleza dessa história.

A Outra Face do Estranho

Também não sou uma boa contadora de histórias, mas vou tentar, nas poucas linhas que se seguem, recontar a tão linda história de amor entre a Deusa dos cabelos ruivos e o Estranho, acrescentando detalhes que ouvi da mesma história e que, de forma muito especial, marcaram minha alma.

Sem dúvidas é uma linda história, e até arriscaria dizer de conto de fadas, marcada pela pós e mútua melancolia. Assim como o Estranho sozinho, vaga sem rumo e precisa dos olhos da Deusa para enxergar as belezas do mundo, depois de tão significativa tarde, ela, tão linda Deusa de cabelos ruivos, não imagina mais a felicidade se não no reencontro com tão amado Estranho. Não consegue viver sem ter a certeza do presente e, por mais que saiba que, de forma especial, marcara esse homem, o medo de não tê-lo pelo tempo que dure esse amor é algo forte, atormentador.

Sofre o Estranho, sofre a Deusa. Tudo depois dessa tarde parece pesar na certeza, tudo depois desse tempo parece ser pouco, porém intenso, fraco porém verdadeiro. Sabe-se que até os dias de hoje, eles não conseguiram se reencontrar em tão celestial presença. Dizem que a Deusa não é mais a mesma, que por mais que o exterior continue intacto, algo dentro dela mudou fundo. Ela anda longe. Talvez ao encontro daquele Estranho, que chegou meio na sorte, no acaso, no destino.

E aqui, o destino, é o único a poder explicar tão fulgorosa história, só através dele ela ganhou início, meio e quem sabe, um dia, por obra somente do destino, ganhe um fim. Ninguém melhor que o destino para contar essa história, ninguém melhor que o criador para falar da criatura. Assim, fica no ar, no coração da Deusa e do Estranho a angustia do reencontro, e ainda, a dor de não saber como tudo acabará.


Obrigada ao meu grande amigo Lenir Bartnik por estar sempre presente na minha vida e me ajudar a escrever essa história.