“I broke my heart for ev'ry gain
To taste the sweet, I face the pain
I rise and fall, yet through it all this much remains”
Muitas músicas abordam o mesmo tema – o tal do levantar e cair, do superar a si mesmo, do arriscar. Ouvindo “One moment in time”, um clássico da Whitney Houston, interpretado por uma das vozes do The X Factor de 2014, fiquei me perguntando o que significa levantar e cair e quem de fato se permite cair.
Pra mim, só supera a si mesmo quem admite-se quebrado. Como diz a música, só prova o doce da vida quem enfrenta o sofrimento e o amargo de viver. Mente quem diz que a vida pode ser sempre doce. Também, que graça teria? A vida é feita de doces e azedos. E só valorizamos o doce quando somos capazes de aprender com o azedo. Quem não se admite superável, não constrói uma nova forma de ser. A dificuldade de admitir-se quebrado está na tênue linha entre levantar e nunca mais conseguir juntar os cacos. Tem gente que cai, quebra e não descobre a cola.
Entre os quebrados que nunca se colam e aqueles que quebram, colam-se e tocam o barco existe algo de louvável em comum – eles tentaram. A pior existência, e aqui é um julgamento de quem diariamente é julgado, é a mera existência. Viver é quebrar. Quem não se deixa quebrar, ou não se admite assim, apenas existe e nunca chegará ao doce. O doce da vida não é para crianças, mas para quem cresce, cresce por dentro e cresce por fora. Talvez os “existentes” forjem o doce como forjam a própria vida. E vivem tão amargos que são incapazes de ignorar ou encarar com leveza a vida de quem quebra, de quem tenta. O preconceito mora na indestrutível casa dos eternamente amargos.
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