segunda-feira, 31 de maio de 2010
E se este presente fosse a última noite do mundo?
Juliana Ramiro (2001)
Morrer, morrer projetando
Morrer amando, sonhando
Abandonar a vida
Sem nenhuma ferida
Abandonar meu rádio, o violão
Perder meus livros, a educação
Falar a todos a verdade
Sem nenhuma piedade
Dizer tudo que comigo guardo
Livrando-me deste grande fardo
Fardo de desilusão
Sinto-me um caminhão
Carregando a carga de ter nascido, crescido, vivido, sofrido, falado, sonhado,...
E enfim morrido
Ao leito de morte
Eu me sentiria enfim forte
Abandonaria meu fardo
E tudo por mim inventado
Seria um ser intocável
Frio e ao mesmo tempo, AMÁVEL.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
O Poder do Olhar
Juliana Ramiro (11/05/2004)
Nos teus olhos me tornei o que sou
No teu sorriso me senti um animal
Nos teus gestos, senti um “soco” que me derrubou da vida
E nos teus pensamentos me vi no fim
Por que me tratas assim?
Se me tratasse melhor
Eu conseguiria levantar
E rumaria a algum lugar
Teria um futuro à frente
Sem fome, sem sujeira
Teria casa, comida e mais alguns dentes
Sei que o que me tornei
É minha culpa
Mas preciso da tua ajuda
Podes me ajudar, eu sei
MUDE SIMPLESMENTE SEU MODO DE ME OLHAR!!!
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Eu preciso e te quero!
Juliana Ramiro (18/02/06)
Eu preciso e te quero
Quero fechar teus olhos
Estremecer a tua boca
E no teu corpo,
Encontrar palavras doces
De um futuro incerto
Eu preciso e te quero
Quero entrar no teu mundo
Vasculhar as tuas fotos
Mexer no teu cabelo
Conhecer os jardins
Que habitam tua alma
Eu preciso e te quero
Quero ser a tua vida
Quero ser o teu remédio
A perdição e o socorro
O amor, a paixão e o mistério
Eu preciso e te quero!
terça-feira, 25 de maio de 2010
Um pássaro
Por Juliana Ramiro (14/04/04)
Eu queria ser um pássaro
Pra voar quando meus braços pesassem
Eu rumaria ao norte
Sozinha, atrás de minha própria sorte
Enxergaria a tudo de cima
Veria o mundo em pedaços
E simplesmente abriria os braços
E rumaria ao norte
Viveria para minha existência
E no auge de tanta inocência
Rumaria ao norte
Sem me preocupar com a morte
A morte do sonho, da esperança
Vencidos pela ganância
De homens de “poucas fés”
Que neste dia, estariam abaixo de meus pés...
FRAUDE NO ENSINO
(Texto meu publicado no Jornal Folha Guaibense no ano de 2002)
*PROFESSOR – Aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte; mestre; homem perito ou muito hábil.
Esses são os significados da palavra professor encontrados no dicionário. Ao refletir sobre eles, sinto que estão perdendo o sentido, a verossimilhança.
Sou estudante de uma escola particular em Guaíba, onde efetuei minha matrícula na busca de um ensino qualificado, devido a “precariedade” do ensino público, onde há uma escasez de professores, e uma lotação de profissionais frustrados, vindos de outras áreas.
Ao entrar na escola particular, vi que fui enganada. Seria incorreto da minha parte generalizar e dizer que não tive alguns verdadeiros mestres, pois tive, a minha grande surpresa foi encontrar pessoas que eram pagas para serem professores, mestres, e não faziam seus papéis.
Neste momento meu passado veio a tona e vi minha mãe, professora do Estado, trabalhando três turnos, dois em sala de aula e um que ela dividia entre a família e o planejamento das próximas aulas.
Comecei a compará-la com estes “professores” e cheguei a triste conclusão que, perdi muitas vezes minha mãe para a arte de ensinar, a magia do aprendizado em vão, pois seus esforços eram valorizados de igual ou até inferior forma a falta de esforços destes que “rotulam-se” professores.
Realmente uma triste conclusão, pois sei que esse problema no ensino se espalha pelo Brasil inteiro, o grande menosprezo da classe dos professores, que pra mim são divisores de águas na vida e formação de um pessoa. Para se dizer um deles, não precisa uma “formação específica”, e talvez por esse motivo que meu, nosso ensino, é o que é.
segunda-feira, 24 de maio de 2010
"Mesmo a ilusão de amor me faz feliz"
CONTRAMÃO - ISABELLA TAVIANI - POR JULIANA RAMIRO
Queria te pedir pra ficar
Queria te pedir pra voltar
Queria te pedir pra me pertencer
Queria saber esperar
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Eternidade
Por Juliana Ramiro (09/12/2005)
Lendo uma crônica da Martha Medeiros, onde ela cria uma nova jura de amor na frente do padre na cerimônia de casamento, percebi como tenho medo dessa história de viver eternamente com a mesma pessoa. Sei que muitos vão descordar de mim, mas preciso atrair fiéis para minha defesa e, por isso, a defenderei até o fim deste texto.
Pra início de conversa, não acredito nessa história de amor eterno, ou de que o amor é cego, surdo e mudo. Primeiro, se o amor fosse eterno, quem ama deveria ser também, e não é. Segundo, o amor é abstrato sim, mas nunca vi uma pessoa amar outra que acha feia, por exemplo. Então o amor se materializa nos corpos, e por isso não pode ser eterno, já que ao longo dos anos, os quilos, as rugas, a gravidade, todas essas coisas se tornam inevitáveis. Hoje, amo um gato, sarado, engraçado, tudo de bom. Amanhã quando ele estiver barrigudo, cheio de manias, será que vou o amar ainda?!? Deixo a dúvida no ar. Amor cego, surdo e mudo??? Não, o que existe é gosto pra tudo, ou uma grande necessidade que nos faça ignorar essas coisas todas.
Mas uma questão a ser levantada, essa talvez seja bem pessoal. Agora que sou nova quando penso no futuro não consigo me imaginar dividindo minha vida inteira com a mesma pessoa, que não vai ser aquele príncipe que sonhei por muitos anos, longe disso. Imaginem, ter que acordar e sentir sempre o mesmo bafo, ver a mesma cara amassada. Nossa! Só de pensar já me arrepio toda. Haja amor pra me fazer suportar a eternidade.
Talvez os mais românticos se defendam dizendo que o amor com a convivência, supera todos esses obstáculos, pois é um sentimento puro, entre duas almas. Está bem, se fosse entre almas eu até que queria um “for ever”. Mas, nós sabemos, que esse negócio de almas cai por terra quando chegam as contas, o filho vai mal na escola, o ciúme bate na porta, a sogra faz visitas. Sem chance!
Muitas vezes, deparei-me com aquela história, se eu não disser pro meu namorado que quero passar a vida toda com ele, e que ele é o homem da minha vida, no mínimo vai dizer que sou uma insensível. Então, o que fazer??? Realmente concordo que quando estamos apaixonados nada nos tira da cabeça que dessa vez é pra vida toda. Foi, talvez, pensando que o grande Moraes escreveu aquela famosa frase: “...que seja eterno enquanto dure...”. Essas poucas palavras resolvem muitos problemas, e exprimem a minha verdade sobre o amor eterno. Enquanto vivo, eterno. No momento em que se acaba, surge uma nova eternidade.
Fazer aniversário...
Por Juliana Ramiro (20/8/2008)
Quando eu tinha uns 10 anos o que mais queria era ter 20, crescer. Sempre fui ansiosa, desde o primeiro ano do Ensino Médio já vinha pensando na minha faculdade, no que eu ia querer fazer para o resto da vida. Eu não mudei, ainda penso no que vou fazer nos anos que ainda me restam. Contudo, é inevitável ajustar a retina e começar a almejar coisas mais próximas.
Fazer aniversário depois dos 18 anos e da tão sonhada carteira de motorista tem outro sabor. Tudo que eu queria conquistar e que tinha idade certa para tanto eu consegui. Comecei a faculdade com 16 anos. Com 18, peguei minha permissão e comprei um carro. Com 19, vim morar na capital, no apartamento que pintei das cores que quis, comecei a trabalhar em dois veículos de comunicação, dei início aos meus projetos de “free lancer”, tornei-me jornalista antes mesmo de terminar a faculdade.
Conversando com amigos na semana do meu aniversário me dei conta que quis tanto tudo que tenho, fui tão objetiva nessas coisas que acabei deixando outras tantas para trás. Hoje, quem me conhece elogia minha maturidade. Aliás, quando falo quantos anos tenho causo espanto nas pessoas. Isso sempre me deixou com aquele ar de missão cumprida, todavia, neste mês de agosto comecei a divagar sobre o tema.
Tenho 20 anos e nunca fiz uma grande viagem, sempre estive estudando ou trabalhando muito. Aos poucos tive que abrir mão de esportes que adorava, deixei de jogar futebol com amigas, de tomar café na tia Lusa, almoçar todas as quartas na vó, de jogar sinuca num barzinho qualquer. 20 anos e nunca tomei um grande porre, briguei na rua, tive uma inimiga, quebrei o braço. 20 anos e ainda não dormi numa barraca com amigos, fiz uma fogueira e uma roda de violão na volta dela. 20 anos e, as vezes, pareço ter vindo dos 10 direto para os 20, acho que tem um filme com a mesma temática.
Todo texto tem algum propósito, isto aprendi neste pulo dos 10 aos 20. O tempo passou voando, fiz muita coisa, porém, nem tudo que queria - e que manda o manual da faixa etária em questão. Antes que eu chegue nos 40 com o mesmo sentimento de “não vivi tudo que precisava”, vou dar o pontapé inicial da minha adolescencia. Nunca é tarde para se ter 20 anos e ajustar o foco da nossa vida para o presente. Como minha mãe sempre diz: vamos viver o hoje.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
O que me mata
Juliana Ramiro (30-05-09)
O que me mata são os dias que se arrastam
São teus lábios me dizendo que não é a hora
Que meu amor, se for amor, saberá esperar
O que me mata é olhar para teus olhos
E eles nunca olharem na minha direção
Nem uma brecha, nem um sinal, o sim
De resto, o que importa o quanto fui especial?
Eu queria o passado, o presente, e o futuro
E o que ouço: que não é a hora
Qual é a hora? Quanto ainda vou esperar?
O que me mata é saber que eu esperaria
E faria isso se me pedisses
Mas nem isso eu tenho
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Além da janela...
A distância matou a relação, mas deixou o sentimento
Hoje, o coração aperta, bate forte... por vezes se esquece
Os olhos procuram recortes de um tempo que já faz tempo
Falar teu nome é ainda viver um pouco mais da história
Sentimentos se esquecem de começar e esse não se acaba
Lembranças, presentes, frases ditas, frases feitas que nos unem
E esse continente que separa
A gente vive, segue, inventa uma parola
Mas às vezes é difícil olhar além da janela
quinta-feira, 13 de maio de 2010
O que pode ser?
O que pode ser quando a gente passa a semana com aquele friozinho na barriga?
O que pode ser quando a gente sente uma vontade enorme de gritar no meio da rua, assim que abre o sol?
O que pode ser quando a gente acelera e abre a viseira pra pegar aquele arzinho frio na cara e ganhar o dia?
O que pode ser quando a gente sai da cama depois de poucas horas de sono, com a disposição de quem há muito não põe o pé pra fora?
O que pode ser quando a gente enche a casa de amigos, no meio da semana, e toma uma garrafa de vinho brindando?
O que pode ser quando a gente pega o telefone cem vezes por dia e não sabe pra quem ligar?
O que pode ser quando a gente abre o guarda-roupa e nada parece bom o bastante pra sair de casa?
O que pode ser quando a gente ouve músicas românticas e o coração palpita?
O que pode ser este sentimento que não tem um destinatário?
Só encontro uma explicação: acho que, mais uma vez, estou me apaixonando pela vida.
De: Juliana
Para: Minha vida
terça-feira, 11 de maio de 2010
Uma folga para o porquinho
(Texto meu publicado no Jornal Folha Guaibense)
Agora, além de nos dias de chuva, meu cofrinho, no clássico formato de porco, ganhou mais umas folgas. Após o veranico de maio, eu e meu porco conseguimos respirar aliviados. Finalmente, um pouco de paz.
Trabalho no bairro Menino Deus, na rua Saldanha Marinho. Chego às 13h e sempre tem um cara, às vezes mais de um, que diz “Bem cuidado aí, dona”. Pronto, já sei que quando eu voltar terei que sacrificar meu cofrinho e conseguir, no mínimo, algumas moedas para o sujeito que me chama de dona. Que dona que sou? Não tenho nem controle de quem cuida ou não cuida do meu carro. (Não se fazem mais donas como a do Roupa Nova!)
Tenho sérios problemas com os tais guardadores de carros. Na Cidade Baixa, bairro famoso da nossa Capital, um dia, uma guardadora me parou para reclamar dos homens que estacionavam com ela, que eram muito mal educados, agressivos, coisas do tipo. Não consegui cortar a senhora, fiquei mais de dez minutos de papo furado. Ao menos consegui deixá-la mais calma, acho.
Depois disso, o segundo encontro. Disse para um cara desses que não tinha dinheiro no dia e ouvi a seguinte resposta: “Não tem problema a gente acerta amanhã”. Não contente em dizer isso ele completou: “Nem precisa ser muito, só um pouco mais do que tu me darias hoje”. Eu tenho alguma obrigação com esse cara???? Tenho! Se não pago, ele faz o que der na telha. Não convém contrariar um funcionário, potencialmente rebelde.
A mais engraçada e talvez a situação que evidencie de fato a minha relação conturbada com os guardadores de carros de rua aconteceu quase na porta do meu trabalho, no início da tarde. Desci do carro, de óculos, camisa e calça jeans, como sempre vou trabalhar e o cara veio para a volta do carro dizendo que eu era muito linda. Na hora pense que fosse mais uma tentativa de levar o meu porquinho, fui andando pela rua, sem dar muita importância às frases feitas do guardador. Na volta, depois de ter gastado meus miolos numa tarde onde tudo deu errado, apertei o alarme, entrei no carro. Quando olho para o lado, através do vidro e do filme, quem vejo? Sim, o mesmo galanteador de antes. Desta vez, ele fala algo que não entendendo, sem conseguir ouvir, quando me dei por conta já tinha aberto o vidro. Das costas do guardador surge uma flor.
Com o frio que vem fazendo nos últimos dias, perdi meu guardador metido a galã, nunca mais fiquei devendo para o funcionário, potencialmente rebelde, não falei mal do sexo masculino na Cidade Baixa. Todos se foram. Ficamos eu e meu porquinho, que anda pesado, pesado.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Figueiró e a mala de conquistas
(Texto meu publicado no jornal Folha Guaibense - homenagem ao meu avô)
“...Quem sou eu, que na solidão das ruas, longe dos amigos, parentes, daquele que foi o meu lar paro e penso sem obter nenhuma resposta?...” O dono dessas palavras, que gritam por socorro e que serviram, em 23 de dezembro de 1978, para salvar um homem das ruas, é o guaibense Cláudio de Oliveira Figueiró. O mecânico, soldado, bancário, jogador de futebol, secretário da saúde, repórter esportivo, benemérito cidadão guaibense, pai, marido e avô, hoje, com 68 anos carrega uma mala cheia de conquistas.
Casado com Carme Rosa Figueiró, há 47 anos, é pai de três mulheres. Cinara, a primogênita, é graduada em Direito e atualmente juíza do trabalho; Cilene fez Pedagogia e dirige uma escola; Cláudia, a mais nova, é psicopedagoga e professora estadual. A estante da sala, repleta de porta-retratos, traz as fotos das formandas com os respectivos diplomas. Os quadros que lá estão representam a luta e a vitória do casal.
Figueiró, como é conhecido na cidade onde nasceu e vive, começou a jogar na categoria principal do Guaíba Futebol Clube, time do seu coração, aos 16 anos. Presidente por oito vezes, vice mais algumas e figura presente até os dias de hoje, é um apaixonado pelo esporte, que acabou proporcionando a ele reconhecimento em nível nacional. O aposentado, em 1973, ganhou o troféu Belfort Duarte, dado ao profissional que conquista a marca de 200 partidas oficiais, em dez anos, sem ser expulso. O prêmio concedido pela Confederação Brasileira de Desportos, anos mais tarde, rendeu-lhe o título de cidadão guaibense.
O moço de considerável topete, olhos verdes e porte atlético, que ia ao encontro da amada com uma motocicleta Monarch 125 vermelha, cede seu espaço para o senhor careca, de juntas grossas e pele enrugada que anda pelas mesmas ruas de outrora, agora asfaltadas, num Gol branco. O vovô “brum-brum”, como é chamado pelo caçula de seus seis netos, pode ter perdido cabelos, músculos, mas ainda carrega consigo muitos traços da juventude - a curiosidade aguçada, a criticidade, o inconformismo, o bom humor.
Os olhos verdes, que antes a namorada conquistavam, vão lendo tudo que podem para deixar a mente informada, além de servirem de porto seguro à família. Agora, eles acompanham a modernidade. Cláudio de Oliveira Figueiró, aos 68 anos, põe os óculos, ajeita-se na cadeira e dá os primeiros passos, com o auxílio do mouse, em frente ao computador.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Uma Ana Carolina acima do feminino e do masculino
(Texto meu publicado no site e na versão impressa do Jornal Oi)
Sete de março, nove horas e quinze minutos de uma noite de sexta-feira. Ana Carolina sobe no palco do Teatro do Bourbon para o que seria um espetáculo diferente dos shows anteriores da artista para os gaúchos. A Ana da apresentação do ano anterior, 19 de outubro, no teatro do Sesi, foi uma cantora séria, de poucas palavras, tratando o público apenas como espectador.
No Bourbon, porém, ela interagiu e arrancou mais suspiros, mais risos e mais lágrimas, principalmente das mulheres, como aquela que estava sentada ao meu lado, na segunda fila da platéia baixa. Ela representa apenas mais uma das inúmeras mulheres que choravam, riam, amavam Ana Carolina, bem como sua voz, violão, contra-baixo, pandeiro, guitarra.
Ana Carolina cantava: “...eu não sei parar de te olhar...”, e vozes agudas respondiam: “então não pára”. Ana largava mais um sucesso: “...vou bater na sua porta de noite, completamente nua...”, e as mesmas vozes, agora mais fortes, gritavam frases soltas. A cantora muda o tom e parte para uma nova arma de conquista, declamando versos de Fabrício Carpinejar, escritor gaúcho presente no show.
Entre o fim das rimas e o início da próxima canção uma voz grave, muito grave, declara seu amor pela mineira de 36 anos. Ana procura o locutor com os olhos e dispara: “Opa! Uma voz masculina”. Mulheres protestam e a cantora resolve interpretar mais um grande sucesso: “Sou bi e daí”.
Tirando as muitas brincadeiras e os inúmeros apelos do público pedindo atenção, restam três músicos, canções do último disco duplo, primeiro momento, e clássicos, que são embalados pelas vozes ali presentes. Na música “Quem de nós dois”, tais vozes tomam conta, a cantora debruça o microfone sobre o peito, olha para cima, como quem olha o céu, e se embriaga do reconhecido sucesso.
Ana Carolina fecha o show com a música “Elevador”, muitos levantam das cadeiras, balançam os braços, ficam colados no palco com as mãos esticadas esperando a mão grande, de dedos compridos, suada, envolta com uma pele fina, tipicamente feminina, passar. Ao meu lado, a mulher, que chorou do início ao fim, olha para mim e pergunta: “ela não volta mais?”. Eu, prontamente, respondo: “ela volta para comer a Madona pela segunda e última vez esta noite”.
O que vem por aí
A idéia do blog surgiu de uma conversa com uma grande amiga de como a gente sente vontade de registrar instantes da nossa vida. Fatos que vimos, ouvimos e falamos. Aqui, as postagens nem sempre vão ser só coisas novas, também quero publicar textos e versos que gostei de fazer, e que de alguma forma marcaram os meus, até então, 21 anos de existência. Espero que todos gostem do blog e dividam suas idéias comigo.
HASTA SIEMPRE!
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